2010-12-01 14:29:53

O rosto Feminino das Migrações


(1/12/2010) Dois milhões de mulheres vítimas de abusos, na maior parte das vezes gravemente, porque são obrigadas a emigrar dos seus países de origem. O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Arcebispo Antonio Maria Vegliò, disse que se trata de uma massa "invisível" de pessoas, que invocam formas de tutela.

A declaração de Dom Vegliò foi feita no âmbito da abertura de um simpósio em Saly, no Senegal, intitulado "O rosto Feminino das Migrações", organizado pela Caritas Internacional, e que será desenvolvido nessa localidade africana até ao dia 2 de Dezembro .

A emigração e a imigração não são fenómenos exclusivamente masculinos. E essa afirmação, na verdade, é menos óbvia do que possa parecer. Dom Vegliò foi claro nas suas declarações a esse respeito. Segundo ele, "em nenhuma parte do mundo existem leis em matéria de maternidade que levem em consideração o facto de que cada mulher migrante tem uma maneira própria de lidar com as diversas realidades". Falando em nome da Igreja, disse que "os governos devem rever as suas políticas e as regras que comprometem a tutela dos direitos fundamentais das mulheres, como a luta contra os abusos sexuais e os abusos no trabalho, o acesso ao sistema de saúde pública, moradia, nacionalidade e assistência às jovens mães.

O representante da Santa Sé apresentou dados de que há países nos quais a emigração feminina superou a masculina e de que, no entanto, somente 42 países ratificaram a Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias.

Dom Vegliò salientou que as mulheres imigrantes conseguem trabalho geralmente no âmbito doméstico, porém, muitas vezes, trabalham na ilegalidade, vêem os seus direitos desrespeitados e são vulneráveis a todo o tipo de abuso.

O prelado lembrou ainda, aos participantes do simpósio, que 4 milhões de mulheres no mundo – metade delas menores de idade – fazem parte do mercado da prostituição, o qual movimenta 12 biliões de dólares por ano. "Isso coloca a prostituição – disse ele – como a terceira actividade ilegal mais rentável do mundo, ficando atrás apenas do tráfico de armas e do tráfico de drogas".

A concluir a sua intervenção , Dom Vegliò afirmou que a Igreja Católica vai continuar o seu trabalho de acolhimento dos migrantes, mobilizando-se também para que a legislação sobre a liberdade religiosa seja reformada com espírito de justiça e respeito mútuo. "A insuficiente possibilidade concreta de participação social, política e cultural que a sociedade civil oferece hoje às mulheres repercute – se também nas comunidades cristãs, chamadas, por isso, a valorizar, em primeiro lugar, os valores de referência, a vivência quotidiana e a cultura da mulher imigrante.








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