IRAQUE: CRISTÃOS NÃO ACREDITAM NAS AÇÕES DO GOVERNO
Bagdá, 30 nov (RV) - “Somente mentiras, operações de fachada” para fazer crer
aos cidadãos e à comunidade internacional que o novo governo do Iraque está trabalhando
para garantir a segurança das comunidades religiosas minoritárias, enquanto as pessoas
ainda são obrigadas a emigrar por falta de segurança. De Bagdá a Mosul, essa é a reação
da comunidade cristã, à prisão de uma dezena de terroristas responsáveis pelo ataque
à igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ocorrido na capital em 31 de outubro.
No último dia 27 de novembro – refere a agência de notícias AsiaNews - foi
oficializada a captura pelas forças de segurança iraquianas de um líder de Al-Qaeda
e onze de seus homens, envolvidos em vários ataques na capital. Trata-se de Hudhaifa
al-Battawi, comandante militar de al-Qaeda em Mansour, no oeste de Bagdá. A notícia
foi dada pela televisão estatal Iraqiya. A operação, destacou a emissora, foi realizada
no dia 24 de novembro, embora tenha sido revelada somente três dias depois.
Os
12 presos confessaram a sua responsabilidade por uma série de ataques, incluindo a
tomada de reféns na igreja de Bagdá, que terminou com a morte de 57 pessoas. Entre
outros ataques atribuídos ao grupo estão os do mês passado, contra o Banco Central,
os escritórios da TV via satélite, Al-Arabiya e contra algumas joalherias. Na operação
também foram descobertos quatro edifícios nos quais se preparavam carros-bombas, minas
terrestres e coletes explosivos, e foram apreendidos seis toneladas de explosivos
e alguns barris de substâncias tóxicas.
A notícia, no entanto, não tranquilizou
a comunidade cristã, que há tempo pede proteção e justiça ao governo central. “Trata-se
de uma farsa; tinham dito que os terroristas foram todos mortos durante a ação para
libertar os reféns na igreja!”, comentam alguns cristãos emigrados da capital, depois
da última escalada de violência contra a comunidade minoritária. Enquanto isso continua
aumentando o número de famílias que, após as explosões que tiveram como alvo as suas
casas em bairros habitados por cristãos, e as ameaça de Al-Qaeda de eliminar cristãos
do Iraque, se refugiam no norte do país. São já 85 as famílias que chegaram da capital
a Sulaimaniya, cifra que duplicou em apenas uma semana. (SP)