PAQUISTÃO: VISITA DO CARDEAL TAURAN ENCORAJA CRISTÃOS
Islamabad, 26 nov (RV) - "A visita do Cardeal Jean-Louis Tauran representa
um grande encorajamento para os cristãos no Paquistão. O purpurado chega num momento
crítico, em que se registram crescentes tensões sociais e religiosas pelo caso de
Asia Bibi e outras razões", foi o que disse o Arcebispo de Lahore, Dom Lawrence John
Saldanha, Presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, a respeito da visita do
presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Tauran,
que chegou ontem ao Paquistão.
A viagem do purpurado coincide com esse delicado
momento, em que todos os setores do país debatem o caso de Asia Bibi, a mulher cristã
condenada à morte por blasfêmia.
Nos próximos dias, o cardeal se encontrará
com a comunidade católica e diversas Comissões da Conferência Episcopal, além de participar
de um encontro inter-religioso. Ontem, o purpurado encontrou-se com as autoridades
civis, com o ministro para minorias religosas, Shahbaz Bhatti, e com o presidente
do Paquistão, Asif Ali Zardari.
"Neste momento, estamos preocupados com o
clima de crescente intolerância. A tensão aumentou; continuam as manifestações e apelos
de grupos islâmicos radicais que querem fomentar o conflito social e religioso. Esperamos
que a missão do Cardeal Tauran possa ajudar a acalmar a situação e contribuir na resolução
do caso de Asia Bibi" – frisou Dom Saldanha.
"Para a Igreja o melhor modo para
solucionar definitivamente o caso é um novo inquérito e a realização do processo diante
da Corte Suprema para comprovar de modo inequívoco a sua inocência. Um claro pronunciamento
jurídico de inocência é o único modo para calar, de vez, os protestos" – sublinhou
o arcebispo.
Segundo outras fontes locais, "a graça presidencial teria o
significado de libertar uma pessoa que admite a sua culpa. Isto causaria uma autêntica
revolta de grupos islâmicos. Na cultura feudal e na interpretação islâmica atual,
o perdão é inadmissível: à ofensa deve corresponder uma punição adequada, e a ofensa
ao Profeta é uma das mais graves".
Movimentos religiosos islâmicos anunciaram
para os próximos dias manifestações de protesto contra o Presidente Zardari e ameaçaram
o ministro Bhatthi, que se empenhou no caso de Asia Bibi. (MJ)