2010-11-22 12:50:10

PADRE LOMBARDI DIVULGA NOTA SOBRE LIVRO DO PAPA


Cidade do Vaticano, 22 nov (RV) - Nesta terça-feira, dia 23 de novembro, às 10h30, na Sala de Imprensa da Santa Sé, terá lugar a coletiva de imprensa para a apresentação do livro: “Luz do Mundo. O Papa, a Igreja, os sinais dos tempos. Uma conversa de Bento XVI com Peter Seewald” (Livraria Editora Vaticana). Participarão da apresentação do livro, o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, e o jornalista Luigi Accattoli. Estarão presentes ainda Peter Seewald, autor da entrevista, e o Diretor da Livraria Editora Vaticana, Padre Giuseppe Costa. Nos últimos dias foram publicados alguns trechos do livro que chamou a atenção da imprensa. No dia de ontem o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi divulgou uma nota sobre um dos temas que a imprensa destacou, ou seja, as palavras do Papa sobre a questão dos preservativos. Eis o que diz a nota:

No final do 11º capítulo do livro “Luz do mundo”, o Papa responde a duas perguntas sobre a luta contra a AIDS e o uso de preservativos, questões que dizem respeito à discussão que se seguiu após algumas palavras pronunciadas pelo Papa sobre o assunto durante a sua viagem à África em 2009.

O Papa reafirma claramente que então, ele não quis tomar posição sobre a questão dos preservativos em geral, mas ele queria afirmar com força que o problema da AIDS não pode ser resolvido apenas com a distribuição de preservativos, porque é necessário fazer muito mais: prevenir, educar, ajudar, aconselhar, estar ao lado das pessoas, seja para que não fiquem doentes, seja no caso em que já estejam doentes.

O Papa observa que também no âmbito não eclesial se desenvolveu uma consciência análoga, como resulta da chamada teoria ABC (Abstinence – Be Faithful – Condom) (Abstinência - Ser Fiel - Preservativo), na qual os dois primeiros elementos (abstinência e fidelidade) são muito mais determinantes e fundamentais na luta contra a AIDS, enquanto o preservativo aparece em último lugar como uma escapatória, quando faltam os outros dois. Deve, portanto, ser evidente que o preservativo não é a solução para o problema.

O Papa amplia o seu olhar e insiste no fato que se concentrar apenas no preservativo equivale a banalizar a sexualidade, que perde o seu significado como expressão do amor entre pessoas e torna-se como uma “droga”. Lutar contra a banalização da sexualidade é “parte do grande esforço para que a sexualidade seja vista positivamente e possa exercer o seu efeito positivo sobre o ser humano na sua totalidade”.

À luz desta visão ampla e profunda da sexualidade humana e da sua problemática de hoje, o Papa reafirma que “naturalmente a Igreja não considera os preservativos como a solução autêntica e moral” do problema da AIDS. Com isso, o Papa não reforma ou altera o ensinamento da Igreja, mas o reafirma colocando-se na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade.

Ao mesmo tempo, o Papa considera uma situação excepcional em que a prática sexual represente um verdadeiro risco para a vida do outro. Neste caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas acredita que o uso de preservativos para reduzir o risco de contágio seja “um primeiro ato de responsabilidade, um primeiro passo na estrada para uma sexualidade mais humana, do que não usá-lo, expondo o outro ao perigo de vida”.

Nesse sentido, o raciocínio do Papa não pode ser definido como uma reviravolta revolucionária. Muitos teólogos moralistas e figuras influentes da Igreja apoiaram e defenderem posições semelhantes; é verdade, porém, que ainda não tínhamos ouvido com tanta clareza da boca de um Papa, mesmo se em uma forma coloquial e não magisterial.

Bento XVI dá-nos, então, com coragem, uma importante contribuição para o esclarecimento e aprofundamento sobre uma questão muito debatida. É uma contribuição original, porque de um lado mantém a fidelidade aos princípios morais e demonstra lucidez ao rejeitar um caminho ilusório como a “confiança no preservativo”; do outro, mostra, no entanto, uma visão compreensiva e de longo alcance, atenta a descobrir os pequenos passos - apesar de iniciais e ainda meio confusos – de uma humanidade espiritual e culturalmente muitas vezes muito pobre, em direção de um exercício mais humano e responsável da sexualidade. (SP)








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