BENTO XVI SOBRE O BEATO NEWMAN: VIVER É DESCOBRIR A VERDADE QUE DEUS É AMOR
Cidade do Vaticano, 22 nov (RV) - O Beato John Henry Newman – "mestre no ensinar-nos
que o primado de Deus é o primado da verdade e do amor" – compreendeu a sua dependência
"no ser d'Aquele que é o princípio de todas as coisas", encontrando assim no Senhor
"a origem e o sentido" da identidade pessoal.
É o que escreve Bento XVI na
mensagem ao Simpósio internacional intitulado "O primado de Deus na vida e nos escritos
do Beato John Henry Newman". O encontro, aberto nesta segunda-feira em Roma, na Pontifícia
Universidade Gregoriana, é promovido pela Faculdade de Teologia da referida Universidade
e pelo Centro internacional dos Amigos de Newman.
O Cardeal Newman, proclamado
Beato por Bento XVI em 19 de setembro passado, se deixou conduzir por dois critérios
fundamentais. O primeiro é "a santidade, mais que a paz", e se traduz na firme vontade
de "abandonar-se confiantemente ao Pai e de viver na fidelidade à verdade reconhecida".
Jamais
o Cardeal Newman cedeu a falsos compromissos e se contentou com fáceis consensos –
observa o Papa. Permaneceu sempre honesto "na busca da verdade, fiel às evocações
da própria consciência e voltado para o ideal de santidade".
O segundo critério
está ancorado na constatação de que "o crescimento é a única expressão de vida". Este
princípio – ressalta o Pontífice – expressa plenamente a disposição do Cardeal Newman
"a uma contínua conversão, transformação e crescimento interior".
A experiência
de crescimento "na fidelidade a si mesmo e à vontade do Senhor" – acrescenta o Santo
Padre – está contida nas seguintes palavras do Beato John Henry Newman: "Aqui na terra
viver é mudar, e a perfeição é o resultado de muitas transformações".
Viver
é também descobrir "a verdade objetiva de um Deus pessoal e vivo" que fala à consciência
e revela ao homem a sua condição de criatura. Recordando as palavras de Newman, Bento
XVI ressalta que "a busca da verdade não deve ser satisfação da curiosidade".
A
aquisição da verdade "não se assemelha em nada à exaltação por uma descoberta". "Há
uma só verdade", é o primado de Deus. Esse primado se traduz para Newman – conclui
o Pontífice – "no primado da verdade", uma verdade que deve ser buscada, sobretudo,
dispondo "a própria interioridade ao acolhimento, numa postura de abertura e sinceridade
para com todos, e que atinge o seu ápice no encontro com Cristo, caminho, verdade
e vida". (RL)