Brasília, 17 nov (RV) - No próximo sábado, dia 20 de novembro, o Brasil celebra
o Dia Nacional da Consciência Negra. A data é comemorada com eventos promovidos em
todo o país por entidades da sociedade civil, de modo especial aquelas ligadas ao
movimento negro.
Para o assessor da Pastoral Afro-Brasileira, Pe. Ari Antônio
dos Reis, a data é um momento para garantir os direitos dos negros. “Estes eventos
têm uma orientação comemorativa, mas também estão voltados para a afirmação da consciência
política, a pertença étnico racial e a reivindicação dos direitos da população afro-brasileira”.
A
figura-emblema da comemoração do Dia da Consciência Negra é o mestre Zumbi dos Palmares,
que, nesse mesmo dia do ano de 1695, caia como o grande ícone da resistência do povo
negro e da luta contra a escravidão.
De acordo com Pe. Ari, “a insistência
em celebrar a memória de Zumbi dos Palmares no dia 20 de novembro foi a resposta dada
pelos negros organizados na perspectiva de lembrar que a abolição foi um processo
inacabado e que só seria plenamente terminado pela pressão do movimento negro”. Ele
considera que o Dia da Consciência Negra é fruto do amadurecimento do movimento negro,
que questiona, com isso, a vertente histórica padrão, que marca o fim a escravidão
como sendo o dia 13 de maio, quando da assinatura da Lei Áurea em 1888.
“Compreende-se
que a assinatura da Lei Áurea não trouxe a verdadeira libertação", remarca o sacerdote.
"Apesar da legalidade da alforria, viu-se a construção de outras formas de opressão
e negação do direito à cidadania dos negros. Os mecanismos de exclusão continuaram
assumindo facetas diferenciadas. Não foi permitido o acesso dos negros à educação,
ao emprego renumerado, à moradia digna e outras de beneficio à população em geral,
que já existiam no século XIX.”
Padre Ari ainda lembra que a história e a cultura
dos negros é compreendida como fator de enriquecimento para a Igreja. (CNBB/ED)