Cidade do Vaticano 14 nov (RV) - O que é o fim do mundo? Quando será? De que
forma? A última resposta cinematográfica a tivemos no filme 1012, onde nada e ninguém
escapa, a não ser um pequeno grupo que consegue entrar dentro de uma aeronave onde
já se encontram alguns espécimes do animais de nossa fauna global. Já no final do
filme, qual nova Arca de Noé, a aeronave pousa numa porção emersa do continente asiático.
Saímos do cinema com o sentimento de que tudo começará de novo. Fim e reinício!
Mas
a pergunta sobre o fim do mundo continua e até agora nenhuma resposta satisfez e nehuma
das possíveis ameaças abordadas pela mídia, apesar de levadas a sério por algumas
pessoas, se concretizaram.
Poderíamos encarar a idéia fim do mundo de modo
mais natural e sereno. Do mesmo modo que o dia termina e depois amanhece outro dia,
do mesmo modo que vejo em meus filhos a renovação de minha família e minha continuação
sobre a terra, o fim do mundo certamente será a redimensão desta vida, totalmente
restaurada, redmida pela paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Será tudo muito natural
sem concretizar as expectativas catastróficas da imaginação literária e cinematográfica.
Catástrofes, já tivemos com terremotos, tsunamis, cataclismas e outras situações
trágicas. Infelizmente, porque o homem ainda não transformou e dominou toda a natureza
e alguns desses movimentos são tidos como insuperáveis pelo conhecimento limitado
de nossas ciências e também por causa do egoísmo presente em nossa civilização essa
situação ainda terá lugar em nosso mundo. O Evangelho de hoje foi escrito cinquenta
anos depois da morte e ressurreição de Jesus. Lucas nos fala da experiência vivida
pelas primeiras comunidades cristãs: destruição do Templo de Jerusalém, perseguição
aos cristãos, guerras, catástrofes, acontecimentos já anunciados pelo Senhor. A reação
da comunidade é de lamentação, perturbação, preocupação. Jesus diz para eles que tudo
isso é apenas o início da dores – como em um parto - , mas o importante virá mais
tarde e será a Vida plena, verdadeira. Portanto, as perseguições e todas as dores
atuais não levarão à morte, mas sim à Vida! Importa não se preocupar, mas ser firme
na fé, na fidelidade a Deus e na confiança de que a Providência age. O Templo de
Jerusalém, onde um sistema opressor havia se instalado, é destruído pelos romanos,
mas o pobre, que sofria as violências decorrentes das injustiças praticadas pelos
dirigentes do Templo, continua vivo. Os sistemas iníquos caem, mas os perseguidos
por eles, sobrevivem.
Os sistemas de morte são desbaratados pela atuação inteligente
dos cristãos. As mortes de Estêvão, de Tiago, a resistência de Paulo, mesmo sendo
ocasiões de grande sofrimento, anunciam uma sociedade nova que vai surgindo, com seu
modo de ser e de agir próprios. Neste momento podemos recordar a paixão que há
duas semanas sofrem nossos irmãos que estão no Iraque e que constituem a Igreja naquele
país do Golfo Pérsico.
Finalizando nossa reflexão, temos a frase do Senhor,
que encerra o Evangelho de Hoje: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”
(CA)