Juiz de Fora, 14 nov (RV)) - Alguns saduceus questionam Jesus. Eram homens
que professavam uma religião muito tradicional, negavam a ressurreição e colaboravam
com o governo. Por isso mesmo não eram admirados pelas pessoas comuns. Jesus desmoraliza
os saduceus(cf. Lc 10,27-38) apresentando o cerne das Escrituras: Deus é o Deus comprometido
com a vida. Ele não criou ninguém para a morte, mas para a aliança com Ele, para sempre.
A vida da ressurreição não pode ser imaginada como cópia do modelo de vida deste mundo. A
ressurreição é uma vida nova e distinta, uma vida de plenitude que dificilmente podemos
compreender à partir de nossas realidades cotidianas. Jesus fala de Deus, como o Deus
dos vivos, que dá garantia de vida eterna àqueles que n’Ele acreditam. O que sabemos
da outra vida é que ela será um presente de Deus e uma comunhão de ideais entre os
fiéis que estão junto de Deus. Nessas duas semanas, acolhendo ao honroso convite
de meu irmão e pessoal amigo, o Exmo. Dom Orani João Tempesta, O. Cist, Arcebispo
de São Sebastião do Rio de Janeiro, estou tendo a graça de ser o pregador do retiro
das duas primeiras turmas do querido clero carioca. Alegria, primeiramente por estar
com os sacerdotes, primeiros colaboradores da ordem episcopal. E, também, a alegria
de dar um abraço de gratidão e de ação de graças ao muito que o Cardeal Eugênio de
Araújo Sales fez e faz, pelo testemunho e pela comunhão eclesial, em favor da Igreja
Católica. Para mim, pessoalmente, e para os padres retirantes renovo o convite para
darmos uma parada para gastarmos o nosso tempo com Deus e conosco. O retiro é um momento
para uma entrega total e confiante ao Espírito Santo. Porque nós somos tirados da
comunidade para servir à comunidade. Então, essa dimensão não pode sair nunca!Quanto
mais simples formos no nosso ministério, mais próximos de Jesus estaremos e mais entrosados
com o povo de Deus, razão primeira de nossa ação pastoral, que nos leva a um encontro
permanente com o Deus Vivo para vencermos as amarras da cultura da morte, do ódio,
da violência e, dentro da Igreja, da inveja e da disputa de poder. Somente a fé,
cultivada por cada um de nós, e a confiança num Deus, que é Pai e que criou maravilhas
para a humanidade, poderá nos dar segurança e certeza de que fomos criados para a
felicidade plena e eterna.
+ Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito
de Juiz de Fora(MG)