Yangun, 13 nov (RV) - O período de prisão contra a líder democrática e ativista
de direitos humanos em Mianmar (ex-Birmânia) Aung San Suu Kyi – prêmio Nobel da Paz-1991
– expirou, oficialmente, hoje. Ela passou 16 dos últimos 21 anos detida e, desde 2003,
em regime de prisão domiciliar. A partir desta tarde, a líder oposicisionista está
livre.
Insistentes informações de que ela poderia ser libertada ainda ontem
levaram centenas de partidários até à casa onde ela cumpria a pena, em Yangun, capital
do país, localizado no sudeste asiático. Mas essa esperança foi frustrada. Poucas
horas atrás, a esperada libertação tornou-se uma realidade.
Segundo um aliado
da ativista, a autorização para sua soltura já fora assinada pelo general Than Shwe,
chefe – desde 1992 – da junta militar no poder em Mianmar. Todavia, ela preferiu aguardar
a expiração da sua pena, hoje, e negociar as condições da aguardada soltura.
Aung
San Suu Kyi não aceitaria ser libertada com a condição de não viajar a algumas regiões
de Mianmar, nem sob veto de contatos com seus partidários. Todavia, o funcionário
que informou sobre sua libertação disse que a soltura é incondicional, portanto a
Nobel da Paz-1991 é livre para se locomover e visitar ou receber quem quiser.
Havia
no ar, entre seus partidários, o medo de que a expiração da sua sentença não fosse
uma garantia de que ela seria solta, já que o regime de Mianmar tem recorrido a pretextos
para mantê-la detida.
Sua mais recente condenação – a mais 18 meses de prisão
domiciliar – foi decretada num julgamento no ano passado, processo que teve sua origem
num fato bastante peculiar: um cidadão norte-americano chegou até à casa dela – sem
ter sido convidado – depois de ter atravessado um lago a nado. Ela acabou condenada
por receber alguém sem autorização. Dessa forma, foi mantida presa durante as recentes
eleições no país.
O partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional pela Democracia,
venceu com folga as eleições realizadas em 1990, mas os militares impediram a posse
dos vencedores. (AF)