Bagdá, 10 nov (RV) - A capital iraquiana voltou a ser palco, nesta quarta-feira,
de novos ataques contra cristãos, deixando um saldo de pelo menos três mortos e mais
de 30 feridos. Os ataques ocorreram 10 dias após a invasão da Catedral de Nossa Senhora
do Perpétuo Socorro, que ceifou a vida de 52 pessoas.
Os novos ataques fizeram
recrudescer o temor dos cristãos, de que insurgentes islâmicos sunitas estejam tentando
expulsá-los do país que vive um momento de forte instabilidade política, sem que os
líderes tenham conseguido formar um novo governo, após as eleições legislativas de
março passado.
Em menos de duas horas, mais de 10 ataques foram perpetrados,
nos bairros de maioria cristã: Camp Sara, Al Wedha e Al Ghadir. Uma fonte do Ministério
do Interior revelou que os ataques de hoje foram uma "continuação" da invasão da catedral.
"O que podemos fazer? Eles estão perseguindo os cristãos em todos os bairros
de Bagdá" – disse o patriarca da Igreja Católica Caldeia, Emmanuel III Delly. "Não
podemos fazer nada para detê-los, a não ser rezar a Deus para que eles parem com esses
crimes."
A invasão da catedral foi seguida, dias depois, por uma série de
explosões em áreas de maioria xiita, que fizeram 63 mortos, em Bagdá. Rebeldes ligados
a Al Qaeda reivindicaram a responsabilidade pelos ataques que parecem ter como objetivo
reacender a violência sectária no Iraque.
Sem a formação de um novo governo,
sunitas, xiitas e curdos vêm disputando espaço político no país. Os cristãos são minoria
e sua presença vem diminuindo desde a invasão dos Estados Unidos, em 2003: passaram
de um milhão e meio para apenas 400 mil. (AF)