CORRUPÇÃO É AUTÊNTICA CHAGA SOCIAL, DIZ BISPO DE PETRÓPOLIS
Lisboa, 10 nov (RV) - Importância da subsidiariedade e um conceito de ética
transversal foram destaques na conferência sobre "Doutrina Social da Igreja, livre
iniciativa e pobreza", que se realizou hoje, na Universidade Católica de Lisboa.
"O
escândalo da pobreza não pode ser resolvido se não tiver na sua base os requisitos
morais" – afirmou, nesta quarta-feira, o bispo de Petrópolis (RJ), Dom Filippo Santoro.
O prelado disse ainda, que "a opção preferencial da Igreja pelos pobres está implícita
na sua Doutrina Social".
Dom Filippo Santoro defendeu o princípio da subsidiariedade,
afirmando que o Estado não devia substituir a família, e apontou a chaga social que
impede o combate à pobreza: a corrupção. "Cabe assinalar como um grande fator negativo
o recrudescimento da corrupção na sociedade e no Estado, envolvendo os poderes legislativos
e executivos em todos os seus níveis" – disse o bispo.
Segundo Dom Santoro,
esse é um problema que chega até mesmo ao poder Judiciário e ao sistema judicial,
que, "muitas vezes inclina seus juízos a favor dos poderosos, gerando impunidade,
o que coloca em sério risco a credibilidade das instituições públicas e aumenta a
desconfiança do povo, fenômeno que se une ao profundo desprezo pela legalidade. É
uma chaga efetiva esta da corrupção" – sublinhou.
Outro dos participantes,
o professor de Comportamento Humano da Escola de Direção e Negócios de Lisboa, Raul
Dinis, disse que não há uma ética privada e outra empresarial mas apenas ética, que
tem essências próprias. "Não há uma ética para a vida privada e outra para a empresa,
mas uma única ética cuja referência são as pessoas. É necessária uma perspectiva humanista
ética, um comportamento humano com caráter moral, onde se controlem ambições, injustiças,
imprudências e arrogâncias" – sublinhou.
A conferência concluiu-se às 18h,
após discussão do tema "O papel da livre iniciativa no combate à pobreza nas economias
em desenvolvimento". (AF)