ASSENTAMENTOS EM ISRAEL E O BLOQUEIO DO PROCESSO DE PAZ

Jerusalém, 10 (RV) – O anúncio da construção de 1.300 novas habitações em Jerusalém oriental e na cidade de Ariel pode acabar de vez com o processo de paz entre Israel e Palestina. Pelo menos assim anunciou o presidente estadunidense, Barak Obama, quem recebeu muito mal a notícia. Para Obama, esses novos assentamentos são obstáculos enormes, que bloqueiam o caminho da paz.

Em uma entrevista ao canal Fox News, dos Estados Unidos - onde está em busca de soluções para reiniciar as conversas de paz no Oriente Médio - o premiê israelense, Benyamin Netanyahu, disse que os assentamentos são um tema passível de discussão, mas que a reação dos Estados Unidos foi exagerada.

As 1.300 novas casas anunciadas são, nas suas palavras, "um punhado de apartamentos que, na verdade, não mudam em nada o mapa, ao contrário da impressão que podem dar certas informações da imprensa".

A Rádio Vaticano conversou com a docente de história e relações internacionais da Universidade de Florença, Maria Grazia Enardu. Sobre as repercussões reais no processo de paz, ela disse que as novas construções foram uma atitude negligente, principalmente nesse momento, em que o primeiro ministro israelense está nos Estados Unidos para encorajar o processo de paz. Para ela, isso mostra que Israel continuará a construir esses assentamentos.

Questionada sobre o impacto da perda de Obama nas chamadas "mid-term elections" - ou seja, eleições de meio de mandato, nas quais se vota para toda a Câmara dos Deputados, parte do Senado e dos governos estaduais -, ela considerou que isso enfraquece o poder de Obama e que, por dois anos, portanto, a administração americana não terá papel decisivo no processo de paz.

Segundo a Pofessora, tanto palestinos, quanto israelenses sabem disso. Maria Grazia avalia que esses últimos acontecimentos são prova de que os israelenses sabem que podem jogar com uma linha dupla de diplomacia. "Teremos de esperar mais dois anos", concluiu a entrevistada. (ED)