Rio de Janeiro, 07 nov (RV) - Neste início de novembro, celebramos a solenidade
de Todos os Santos que nos convida a contemplar o nosso fim ultimo e, principalmente,
a nossa vocação comum que é a santidade. Ser santo é ser bem aventurado, é ser feliz
no Senhor! Nesta sociedade que busca encontrar seus caminhos ou mesmo que não se preocupa
com o sentido último de sua vida, esta festa é um grande grito de esperança de vida
e tempos melhores.
Buscar a santidade é lutar contra o pecado, pois ele é a
grande muralha que nos separa de Deus e nos impede de ser santos. É também a raiz
de todos os males e violências em nosso mundo. Basta olhar ao redor para ver para
onde estamos sendo conduzidos pelo mal. O Catecismo da Igreja diz, sobre a gravidade
do pecado: “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências
piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (CIC nº.
1488). São Paulo é muito claro: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Tudo o
que há de mal na história do homem e do mundo é conseqüência do pecado, que começou
com Adão. Diz o Apóstolo: “Por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo
pecado, a morte e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom
5,12). A Encarnação do Verbo foi para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado.
“Como imperou o pecado na morte, assim também imperou a graça por meio da justiça,
para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5,21). O demônio escravizou
a humanidade com a corrente do pecado. Jesus veio para quebrar essa corrente. São
João ensina: “Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados”(1Jo 3,5). “Para
isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1Jo 3,8).
A
Igreja comemora a solenidade de Todos os Santos no dia primeiro de novembro, mas no
Brasil quando este dia cai em dia de semana é sempre transferida a festa para o domingo
seguinte como neste ano de 2010. Os homens e as mulheres que a Igreja Católica chama
de “Santos”, são milhares, de todas as condições de vida, raças, cores, culturas,
países. Uma coisa há em comum: todos: foram heroicamente bons. Os processos de beatificação
e canonização são rigorosíssimos e demorados. Esse poder que leva à santidade vem
da Redenção que Cristo trouxe. Venceu o pecado, remiu-nos da escravidão do demônio,
e deixou-nos a “graça”, e os meios necessários para nos ajudar a ser santos: a Santa
Palavra, os Sacramentos, a Oração, a valorização do sofrimento, do trabalho, da família,
da penitência. Cristo estabeleceu uma Igreja que tem todos os meios requeridos para
fazer os homens santos. O ideal de santidade evoluiu no decorrer dos dois mil anos
da Igreja. Ser santo hoje é aquele que coloca em prática a Palavra de Deus no seguimento
radical de Jesus Cristo.
Viver com alegria a busca da conversão que nos conduz
à santidade é a grande contribuição que cada cristão católico pode dar à sociedade
hodierna. A beleza da vida em Cristo deve contagiar as pessoas para viverem ainda
mais com alegria o amor e perdão ao próximo.
A Igreja conta com tantos belos
e comoventes exemplos de pessoas que viveram nas mais diversas circunstâncias e épocas
uma caminhada exemplar de vida que, além da admiração das pessoas de seu tempo, a
vida ultrapassou fronteiras e épocas e até hoje continua sendo exemplo para nossas
vidas.
Encontramos todos os tipos de situações sociais e todas as idades vivendo
a santidade. Num tempo em que se perderam as referências de vidas santas e belas somos
chamados a retomar com o coração aberto o ensino da Palavra através da vida das pessoas
que nos chamam a caminhar na santidade.
Ao iniciar este mês refletindo e rezando
pelos fiéis defuntos, recordando os limites de nossa vida neste mundo, nós começamos
também acolhendo o anúncio de nossa vocação comum que é a santidade. Que cada um de
nós responda com generosidade ao chamado e caminhe com desenvoltura na direção do
Senhor Jesus que é o caminho para o Pai!
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ