Em Barcelona, Bento XVI preside à dedicação da Sagrada Família de Antoni Gaudí, elogiando
a sua beleza . O Papa alerta para os ataques contra a vida, e reafirma o convite
à redescoberta de Deus.
(7/11/2010) Bento XVI preside neste momento à Missa em que vai dedicar a Basilica
da Sagrada Família, o templo que consagrou o génio do catão Antoni Gaudí, em Barcelona. O
rito da dedicação começou com a entrada na igreja, em procissão, depois de o Papa
ter pedido que a porta fosse aberta. Habitualmente reservado ao bispo da diocese,
o rito é presidido por Bento XVI, em Barcelona, tendo em conta o significado universal
do edifício. As boas-vindas foram oferecidas pelo arcebispo de Barcelona, cardeal
Lluís Martínez Sistach, que falou em catalão e espanhol, assegurando que a visita
papal era esperada "com júbilo". O actual arquitecto principal, Jordi Bonet Armengol,
ofereceu uma breve explicação sobre a construção da igreja e o Papa entrega a chave
da porta principal do templo ao sacerdote responsável pela mesma, padre Lluis Bonet. Seguiu-se
a aspersão, com água benta: o presidente da celebração benzeu a água e com ela aspergiu
os participantes na celebração e o ambão. Dez bispos espanhois aspergiram as paredes
da igreja.
Na homilia da Missa Bento XVI recordou que a Igreja se opõe
a “todas as formas de negação da vida humana” e defende a “ordem natural no âmbito
da instituição natural”. O Papa deixou assim uma crítica indirecta às políticas
do governo espanhol em matérias como o aborto ou a legalização do casamento entre
pessoas do mesmo sexo. Bento XVI pediu que se “defenda a vida dos filhos como sagrada
e inviolável desde o momento da concepção” e que a natalidade seja “valorizada e apoiada
jurídica, social e legislativamente”. “A Igreja advoga medidas sociais e económicas
adequadas para que a mulher encontre no lar e no trabalho a sua plena realização;
para que o homem e a mulher que contraem matrimónio sejam apoiados decididamente pelo
Estado”, acrescentou. Como fizera em Compostela, o Papa alertou para a necessidade
de acompanhar os progressos “técnicos, sociais e culturais” com outras dimensões. “Juntamente
com eles, devem estar sempre os progressos morais, como a atenção, protecção e ajuda
à família, já que o amor generoso e indissolúvel entre um homem e uma mulher é o marco
eficaz e fundamento da vida humana”, desde a gestação até ao seu “fim natural”. O
Papa que falava na igreja-símbolo de Barcelona como uma “síntese admirável entre
técnica, arte e fé”,agradeceu a todos os que trabalharam neste templo expiatório –
assim denominado por ser construído apenas com donativos privados -, lembrando uma
“longa história de sonhos, trabalho e generosidade”. Bento XVI elogiou em particular
o «pai» deste projecto, Antoni Gaudí, “arquitecto genial e cristão consequente, com
a chama da sua fé ardendo até ao final da sua vida, vivida em dignidade e austeridade
absoluta”. Obras como esta – salientou - ajudam a “mostrar ao mundo o rosto de
Deus, que é amor e o único que pode responder ao desejo de plenitude do homem”. “Essa
é a grande tarefa, mostrar a todos que Deus é o Deus da paz e não da violência, da
liberdade e não da coacção, da concórdia e não da discórdia”, disse na homilia da
Missa de consagração do templo, em construção há mais de 125 anos. Para Bento XVI,
esta celebração é de “grande significado” numa época em que “o homem pretende edificar
a sua vida de costas para Deus, como se já não tivesse nada a dizer-lhe”. “Gaudí,
com a sua obra, mostra-nos que Deus é a verdadeira medida do homem”, apontou.
-Depois da homilia e das ladainhas, teve lugar propriamente o rito da dedicação,
que simboliza a intenção de consagrar a igreja a Deus.