Cidade do Vaticano, 05 nov (RV) - A Arquidiocese do Rio comemorará neste sábado,
6 de novembro, com uma Santa Missa os 90 anos de seu Arcebispo emérito, Cardeal Eugenio
de Araújo Sales. A celebração em ação de graças será realizada às 9 horas na Catedral
de São Sebastião e será presidida pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João
Tempesta. Concelebram com Dom Orani, 6 cardeais e mais de 30 bispos brasileiros. Por
ocasião do aniversário do Cardeal, o Papa Bento XVI, enviou uma Carta Autógrafa.
Segundo
informa nota da Arquidiocese do Rio, as Arquidioceses de Natal, no Rio Grande do Norte
e Salvador, Bahia, cidades por onde Dom Eugenio passou antes de ir para o Rio, estarão
representadas por seus arcebispos, familiares, amigos, colaboradores, e igualmente
do Rio, além dos representantes das paróquias do Rio que irão em caravanas de ônibus.
Para
marcar a data natalícia de Dom Eugenio, o Papa Bento XVI, enviou uma Carta Autógrafa
na qual destaca que Dom Eugenio “soube gastar-se inteiramente por aqueles que Deus
lhe havia confiado, num fecundo ministério vivido em profunda comunhão com o Sucessor
de Pedro, sendo até hoje um referencial para toda a Igreja no Brasil, principalmente
para as novas gerações de ministros ordenados”.
Antes da bênção final da missa,
será exibido um vídeo sobre a trajetória eclesiástica do arcebispo, com destaque para
os encontros que ele teve com os diversos Papas.
Dom Eugênio foi, sem dúvida,
um dos mais importantes bispos do Brasil em nossos últimos tempos.
Sua atuação
episcopal foi marcante desde Natal, com grande destaque quando em Salvador ocupou
a função de Cardeal Primaz, e tornando-se referência nacional e internacional ao ser
designado Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Dom Eugênio
o bispo que começou as Comunidades Eclesiais de Base. No Rio de Janeiro criou o Vicariato
para as Religiosas, dando às mulheres consagradas uma atenção especial e nomeando
como Vigária uma religiosa da Companhia de Maria, Madre Maria Antonia Azcune.
Atuou
com grande eficiência quando nosso país viveu os anos de chumbo causados pela Ditadura
Militar. Ao mesmo tempo em que se relacionava bem com as autoridades do momento, Dom
Eugênio salvava vidas e famílias dos chamados subversivos, comprando apartamentos
para alojá-las e conseguindo enviar pessoas para o exterior. Fazia isso de modo tão
discreto que, na época, era visto como conivente do regime.
Agora nos últimos
anos de Pastor da Arquidiocese, Dom Eugênio olha para a vida de tantos católicos que
estão em segundas uniões e se sentem rejeitados. Surge o Encontro da Acolhida onde
pessoas que não podem receber os sacramentos, são acolhidas e escutam que a Igreja
as ama e quer tê-las em seu meio, que quer continuar sua evangelização.
Também
no Rio de Janeiro, Dom Eugênio valorizou muitíssimo os Meios de Comunicação e missas
passaram a ser transmitidas ao domingos pela televisão e todos também puderam escutar
a Voz do Pastor. Até hoje, mesmo emérito, Dom Eugênio escreve nos principais jornais
da Arquidiocese.
Como ecônomo, não se pode esquecer que em seu tempo, a Arquidiocese
era conhecida como uma das mais sólidas em todo o mundo e ele fazia parte de comissões
no Vaticano.
Quem não se recorda das visitas de João Paulo II ao Brasil e ao
Rio de Janeiro? Basta só pensarmos na apoteótica missa no aterro do Flamengo e no
canto “A bênção João de Deus”! O encontro com os intelectuais no Sumaré, a celebração
para as religiosas na Caedral da Avenida Chile, em tudo a mão de Dom Eugênio, através
de sua equipe.
Mas também falemos de Dom Eugênio o homem de Igreja, do Papa,
do zêlo pelo cumprimento de suas orientações e normas, ao mesmo tempo buscando o espírito
da lei, o aspecto pastoral e não a rigidez da letra. Como metropolita, sempre respeitou
a autonomia dos sufragâneos de sua arquidiocese, mesmo se discordasse de alguma atuação.
Algo
que particularmente me toca é a devoção de Dom Eugênio a José de Anchieta. Não só
escrevendo artigos, colocando a Rádio da Arquidiocese à disposição quando o procurei
para as comemorações do IVº Centenário da morte do Beato. Dom Eugênio demonstrou,
em conversas, conhecer profundamente a vida do Apóstolo do Brasil.
Dom Eugênio
recebe hoje o carinho de todos nós por sua atuação segura, firme, reta em sua vida
de pastor, por sua fidelidade à Igreja de Jesus Cristo e ao Sumo Pontífice. (SP-CA)