Bento XVI peregrino em Santiago de Compostela. O enviado da Rádio Vaticano Pacheco
Gonçalves antecipa os momentos salientes da presença do Papa
(5/11/2010) Duas incógnitas subsistem, aqui em Santiago de Compostela, ao fim da
tarde desta sexta-feira, a poucas horas da chegada do Papa. Antes de mais, a questão
do tempo que fará. Em Novembro, nesta zona atlântica, a chuva é a grande probabilidade.
Em boa hora os organizadores cuidaram de dotar de tecto e resguardo lateral o espaço
destinado à Missa, numa extremidade da praça da Obradoro, onde o Papa terá diante
dos olhos a fachada da catedral. Um belo sol de Outono dourou Santiago nestes dois
últimos dias. Organizadores e peregrinos continuam a acreditar que, não obstante as
previsões meteorológicas de risco de chuva, o tempo se mostre clemente. Esta primeira
incógnita está ligada à segunda: quantas pessoas estarão confluindo para Santiago
neste momento, para acompanhar directamente a visita do Papa? Praticamente ninguém
aqui é capaz de arriscar números. Embora algum jornal fale de uns 60 mil fiéis, ou
porventura uns 100 mil fiéis, até mesmo o Centro de acolhimento de peregrinos, que
registou ao longo deste “Ano Xacobeo” um grande incremento de chegadas, prefere aguardar
para ver. Aliás Compostela (como Jerusalém e Roma, Lourdes ou Fátima), é permanente
meta de peregrinação, independentemente da singularidade de uma visita papal. Conversámos
com uma família francesa que chegou anteontem, após semanas de caminhada a pé, e que
já hoje regressava a casa. É neste vai e vem de peregrinos que Bento XVI se insere.
Aliás apenas seis mil pessoas, sentadas, poderão participar directamente na missa
de amanhã, em frente à catedral. O acesso só será permitido a partir das 8 da manhã,
com um rigoroso controlo. Não tendo sido distribuídos convites, é de prever que muitos
fiéis aceitem o sacrifício de passar longas horas no local, para assegurarem a participação
directa na celebração, às quatro e meio da tarde. Quem não se contentar com seguir
o acontecimento em casa, na televisão, poderá fazê-lo de maneira mais comunitária,
em algumas outras praças da cidade onde foram instalados écrans gigante. Do aeroporto,
Bento XVI seguirá directamente para o centro da cidade, no “papa-móvel”, percorrendo
o caminho que normalmente seguem os peregrinos, no percurso final que os conduz à
catedral. Numa encruzilhada do caminho, deparará com uma grande estátua dele próprio,
de braços abertos, “peregrino da fé”, como reza o lema desta etapa de Santiago. O
Papa penetrará na catedral, aí pelas 13 horas, por uma entrada lateral, dirigindo-se
imediatamente à capela do Santíssimo Sacramento, para um momento de oração pessoal,
seguindo depois p. ara a zona da entrada, detendo-se – ainda no interior – perante
o esplêndido “pórtico da Glória”, românico, com a figura de Cristo na glória, e, por
baixo, São Tiago, em veste de peregrino, mas sentado, como que fazendo participar
os fiéis da bênção de Cristo Salvador. Este magnífico conjunto escultórico está neste
momento sujeito a obras de restauro, mas alguns dos andaimes foram retirados, nesta
circunstância, para permitir uma visão quase completa. Bento XVI sai então da
porta principal, para uma primeira saudação aos fiéis presentes na Praça da Obradoro,
no alto das escadas de acesso. Reentrando na catedral, dirigir-se-á ao altar-mor,
onde presenciará a impressionante cerimónia do “botafumero”, o gigantesco turíbulo
que 10 homens fazem oscilar a velocidade vertiginosa, de uma ponta à outra do transepto,
enquanto se entoa um antigo hino ao Apóstolo Tiago. A estes diversos passos corresponderá,
sem dúvida, um crescendo de entusiasmo dos presentes e ausentes, preparando já a Eucaristia
que se seguirá, três horas depois, como ponto culminante deste primeiro dia em Espanha. De
Santiago de Compostela, para a RV, PG