Cidade do Vaticano, 02 nov (RV) - “Cultura da comunicação e novas linguagens”:
esse é o tema da Assembléia Plenária do Pontifício Conselho para a Cultura, que se
realizará entre os dias 10 e 13 de novembro, no Vaticano, e que será apresentada amanhã,
quarta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé. Presente na coletiva de imprensa o
Presidente do organismo vaticano, Dom Gianfranco Ravasi, e o responsável pelo Departamento
“Arte e Fé” do mesmo dicastério, Iacobone Pasquale. Sobre o tema central da Plenária
eis o que disse à Rádio Vaticano Dom Ravasi.
R. - É antes de tudo o tema
preliminar de cada primeiro encontro com o mundo da cultura: se não se encontra o
tecido comum, isto é o vocabulário, a gramática, ou até mesmo o estilo com o qual
nos relacionamos com os outros, então é impossível passar aos conteúdos. A nossa,
portanto, não é simplesmente uma reflexão sobre a comunicação social, como ocorre
também em outros organismos da Santa Sé; é, ao invés, estudar a comunicação em um
nível superior, teórico, estrutural, de modo que se possa, em seguida, passar aos
conteúdos do próprio diálogo, uma vez encontrada a sintonia nas linguagens.
P.
– Pode-se falar de uma dificuldade que existe hoje no mundo eclesial para adotar um
código comunicativo compreensível, seja dentro da Igreja, seja na comunicação com
o mundo exterior?
R. - Esse talvez seja o problema central. O movimento,
antes de tudo, é centrípeto: isto é, ir para dentro, em direção de nós mesmos, porque
muitas vezes – também para nós - a linguagem interna na comunidade eclesial é quase
que completamente sem voz. Pensamos – por exemplo – na linguagem teológica tão sofisticada,
que não encontra mais referências em uma população católica, crente, praticante, que
está dentro da igreja e no domingo ouve uma homilia, mas que tem no seu interior -
como linguagem - a linguagem televisiva, a linguagem da internet, a linguagem cotidiana.
É preciso também um movimento centrífugo, isto é, para fora, em direção à periferia,
porque nossa comunicação deve ter uma sua lógica, uma sua coerência, um vocabulário
próprio, mas ao mesmo tempo deve tentar lançar a sua linguagem a um horizonte novo,
com novas linguagens. Nunca devemos nos esquecer do trabalho que, por exemplo, fez
São Paulo, quando ele passou de uma cultura que era profundamente semítica a uma cultura
ligada, ao invés, ao mundo mediterrâneo da época, que tinha a marca do helenismo,
da cultura romana. Por isso faremos a inauguração de nossa Plenária - algo que nunca
acontece - no Capitólio; na Prefeitura de Roma, abrindo-a idealmente a um areópago
como o da cidade, neste caso a cidade de Roma, de modo tal, de ter já na abertura,
a possibilidade de falar mais amplamente possível. (SP)