Congresso das ordens e congregações religiosas começou hoje em Lisboa: D. José Policarpo
destaca importância das Ordens religiosas para compreender Portugal e apela à «autenticidade»,
valorizando esforço de historiadores e investigadores
(2/11/2010) Perceber o papel das Ordens Religiosas, em Portugal e no mundo, nas
suas mais diversas perspectivas, ângulos ou metamorfoses, é o principal objectivo
do Congresso Internacional das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal: Memória,
Presença e Diásporas, que se realiza entre 2 e 5 de Novembro, em Lisboa. O evento
, que se realiza na Fundação Calouste Gulbenkian, conta com cerca de 200 conferencistas,
vindos dos mais diversos países do mundo, e ainda com a participação de mais de 500
pessoas. Destaque para a presença de diversas figuras nacionais e institucionais,
entre as quais D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa; Mário Soares, antigo
presidente da República Portuguesa, e Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do
Tribunal de Contas. O Cardeal-Patriarca de Lisboa defendeu que não é possível
compreender a identidade de Portugal, no seu território nacional e nas presenças em
muitas partes do mundo, sem ter presente a acção das ordens e congregações religiosas. Para
D. José Policarpo, através das ordens e congregações religiosas, a “Igreja relacionou-se
com a sociedade com o que tinha de melhor”. Intervindo na sessão de abertura do
Congresso o Cardeal-Patriarca afirmou a importância do conhecimento histórico e identitário
das ordens e congregações para a compreensão de Portugal, não só da sua História,
mas sobretudo do seu futuro. No quadro de uma identidade cultural e nacional enraizada
no catolicismo ou, como recordou D. José Policarpo, numa matriz judaico-cristã, para
compreender Portugal é preciso ter sempre presente as relações do Estado com as igrejas,
nomeadamente com a Igreja Católica. Para D. José Policarpo, as ordens e congregações
religiosas têm um papel “decisivo” nesse relacionamento histórico e institucional. D.
José Policarpo valorizou a investigação em curso sobre as ordens e congregações religiosas
em Portugal, em que se insere este Congresso. “Um longo processo de estudo e investigação
que traz à ribalta algo de muito significativo para a recuperação cultural da nossa
comunidade nacional”. Dirigindo-se aos congressistas presentes, nomeadamente aos
membros de congregações religiosas, referiu que os resultados da investigação científica
constituem sobretudo desafios à “autenticidade”. “Aceitemos o desafio da nova
evangelização. Não se trata de ‘estratégia política’, antes um desafio de radicalidade,
da fidelidade a Jesus Cristo e ao Evangelho, de utopia da comunhão, da ousadia da
caridade”, prosseguiu. Na sessão de abertura deste Congresso, José Eduardo Franco,
coordenador geral do Congresso, valorizou a possibilidade, passados 100 anos da implantação
da República, ser possível congregar uma variedade de saberes para apresentar, em
liberdade, a identidade e os projectos desenvolvidos pelas ordens congregações religiosas
em Portugal.