PAPA: PESQUISA CIÊNTÍFICA SEJA LUGAR DE DIÁLOGO E ENCONTRO ENTRE HOMEM E SEU CRIADOR
Cidade do Vaticano, 28 out (RV) - Que a ciência seja sempre endereçada à busca
da verdade: foi a exortação do Santo Padre dirigida aos participantes da Plenária
da Pontifícia Academia das Ciências, recebidos em audiência na manhã desta quinta-feira,
na Sala Clementina, no Vaticano.
O Papa evidenciou os pontos de contato entre
fé e pesquisa científica e reiterou o encorajamento da Igreja em favor de um progresso
científico que seja realmente benéfico para a humanidade. O Pontífice recordou, com
afeto e gratidão, o físico Nicola Cabibbo, Presidente da Academia, recentemente falecido.
Não
é preciso olhar para a ciência como se fosse uma panacéia, nem com sentimentos de
medo: foi o que ressaltou Bento XVI, chamando atenção para essas duas visões extremistas
da pesquisa científica. Em seguida, o Santo Padre se deteve sobre o objetivo real
da ciência, considerando também os extraordinários avanços do último século:
"A
sua tarefa era e permanece sendo uma busca paciente e, ao mesmo tempo, apaixonada
pela verdade, concernente o cosmo, a natureza" e o ser humano – observou.
Uma
busca – acrescentou – que pode conhecer "sucessos e falimentos". E cujo desenvolvimento
pode viver momentos gloriosos, quando se descobrem aspectos complexos da natureza;
mas também de humildade, quando teorias que se consideravam ter descoberto alguns
fenômenos se revelam, ao invés, apenas parciais.
O Papa reiterou a estima da
Igreja pelos pesquisadores científicos e a gratidão por seus esforços, que continua
a encorajar.
Além disso – acrescentou – também os cientistas "apreciam sempre
mais a necessidade de abrir-se à Filosofia" para descobrir a "fundação lógica e epistemológica"
de sua metodologia.
"Por sua vez, a Igreja tem a convicção de que, terminantemente,
a atividade científica se beneficia do reconhecimento da dimensão espiritual do homem
e da sua busca" de respostas últimas.
Foram palavras acompanhadas de um auspício
de colaboração entre fé e ciência:
"Os cientistas não criam o mundo" – disse.
Ao invés, buscam imitar as leis que a natureza nos manifesta. Por isso, a experiência
dos cientistas como seres humanos – prosseguiu – é a experiência da percepção de uma
lei, de um logos. Isso – observou – nos leva "a admitir a existência de uma Razão
onipotente que é diversa do homem e que rege o mundo".
Esse – frisou – é "o
ponto de encontro entre a ciência natural e a religião". Portanto, como resultado
a ciência "torna-se um lugar de diálogo, de encontro entre o homem e a natureza e,
potencialmente, até mesmo entre o homem e o seu Criador". (RL)