2010-10-26 18:05:45

PE. SAMIR: SOCIEDADES DO ORIENTE MÉDIO RESPEITEM LIBERDADE DE CULTO E JUSTIÇA


Cidade do Vaticano, 26 out (RV) - Diálogo com os muçulmanos por uma sociedade não condicionada pela diversidade religiosa, mas harmonizada pela contribuição que todo credo singularmente considerado pode dar para uma pacífica convivência. Essa foi uma das pistas de "trabalho" indicadas pelo Sínodo da Igreja no Oriente Médio, concluído neste domingo.

A Rádio Vaticano pediu uma avaliação do Sínodo a um dos especialistas que participaram do encontro, o docente de História da Cultura árabe e de "Islamologia" na Universidade "San Joseph" de Beirute, no Líbano, Pe. Samir Khalil Samir.

Eis o que disse o sacerdote jesuíta:

Pe. Samir Khalil Samir:- "Os padres sinodais conseguiram abordar toda a variedade dos problemas do Oriente Médio, que incidem na vida dos cristãos e que os levam a emigrar – os que podem fazê-lo. Buscou-se ver tanto a relação com o Estado como a questão da paz na região; bem como a questão da violência e, sobretudo, a questão da comunhão interna na Igreja Católica, entre os cristãos com o ecumenismo, e com os nossos irmãos muçulmanos."

P. Quais afirmações foram feitas pelo Sínodo sobre a cooperação e o diálogo com os concidadãos muçulmanos?

Pe. Samir Khalil Samir:- "Para o muçulmano, de modo espontâneo – sendo os islâmicos a maioria absoluta, mais de 90% da população da região – é comum o anúncio do Alcorão em todas as circunstâncias. O cristão tem somente a permissão para rezar em sua igreja, mas não deve testemunhar fora a sua fé. Ora, isso para nós é inaceitável: queremos uma sociedade feita de cidadãos – ponto e basta – não de drusos, cristãos, muçulmanos xiitas ou sunitas. Todos concordamos que a fé faz parte da vida social, e isso não o negamos. Não queremos uma sociedade laica, ateia, mas queremos dizer que a religião é um fato pessoal, que incide na sociedade e, portanto, temos o direito e o dever – como os muçulmanos – de proclamar a nossa fé. E isso foi dito claramente."

P. Na mensagem final do Sínodo encontra-se um apelo à comunidade internacional a fim de que sejam aplicadas as resoluções da ONU para trazer de volta a paz ao Oriente Médio...

Pe. Samir Khalil Samir:- "A paz é a condição de fundo. Como se pode fazer a paz, a não ser com o direito e a justiça? Ora, o direito, politicamente, não é uma coisa pessoal, nem tampouco simplesmente um acordo entre dois: deve ser um acordo com a comunidade internacional, a qual é representada pela ONU. Nós dizemos, com o Santo Padre e com as pessoas de boa vontade: a paz não pode existir senão no respeito pelo direito. Embora todos saibamos que a ONU não está isenta de sofrer pressões."

P. O que se pode fazer para que este Sínodo dê frutos que fiquem na história?

Pe. Samir Khalil Samir:- "Penso que agora começa o verdadeiro trabalho: refletir, agir, e não vice-versa. Agora começa, portanto, a fase mais difícil, a de aprender a dialogar entre muçulmanos, cristãos, judeus e ateus: aprender a fazer justiça, aprender como tratar dos imigrados, aprender a aceitar o pluralismo. Como disse o Papa, no discurso final, trata-se agora de aprender a suscitar uma polifonia. Nós enfrentamos esse desafio. Somos muito diversificados. Eu sou otimista, porque sou um homem de fé." (RL)







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