Rio de Janeiro, 26 out (RV) - No Domingo das Missões quando somos chamados
a abrir a nossa vida ao apostolado animado para pregar o Evangelho até os confins
da terra, comemoramos neste ano, no Brasil, o Dia Nacional da Juventude. O Papa nos
recorda que a “construção da comunhão eclesial é a chave da missão” e a nossa Conferência
Episcopal mostra que é importante a “Missão e Partilha” e em especial para a Juventude
que, ao comemorar 25 anos do DNJ, deseja continuar lutar contra a violência e o extermínio
dos jovens: “juventude, muita reza, muita luta, muita festa em marcha contra a violência”.
O
clima de trabalho missionário com a juventude, principalmente através do “Setor Juventude”
se direciona também para a próxima Jornada Mundial da Juventude que acontecerá no
próximo ano em Madri, na Espanha para que, com esse evento, possam os jovens viver
«Enraizados e edificados n'Ele... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7).
Em um mundo
marcado pela pós-modernidade, vê-se que os jovens de hoje buscam para as suas vidas
modelos e referências. Essa busca é uma grande oportunidade de colocá-los em contato
com o modelo supremo, Jesus Cristo. A Igreja no Brasil está vivendo mais um Dia Nacional
da Juventude.
O documento de nossa Conferência Episcopal sobre a “Evangelização
da Juventude” afirma que, com criatividade pastoral, que o importante é apresentar
Jesus Cristo dentro do contexto em que o jovem vive hoje e como resposta às suas angústias
e aspirações mais profunda. Um Jesus que caminha com o jovem, como caminhava com os
discípulos de Emaús, escutando, dialogando e orientando.
Esse documento lança
luzes sobre o contexto de incertezas e dificuldades em que vive o jovem hoje no Brasil.
O recenseamento geral da população feito em 2000 revelava que no Brasil havia 34 milhões
de jovens, considerando a faixa etária entre 15 e 24 anos. O número se elevava a 47
milhões de jovens se se acrescentasse também a faixa dos 25 aos 30 anos de idade.
Segundo
afirma esse estudo, a maioria dos 34 milhões de jovens brasileiros representa um dos
segmentos populacionais mais fortemente atingidos pelos mecanismos de exclusão social.
O censo de 2000 revelava que a maioria dos jovens brasileiros, 56,7%, vivia em famílias
que tinham uma renda per capita mensal menor do que um salário mínimo (pouco menos
de 170 dólares americanos hoje). Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) revelam que o desemprego atinge cerca de 20% dos jovens.
O texto
da CNBB afirma que, entre os principais problemas que os jovens enfrentam hoje, estão
a disparidade de renda, o acesso restrito à educação de qualidade e frágeis condições
para a permanência nos sistemas escolares, o desemprego e a inserção no mercado de
trabalho. Há ainda o envolvimento com drogas lícitas (álcool, tabaco) e ilícitas,
a gravidez na adolescência, a violência no campo e na cidade, a intensa migração,
as mortes por causas externas (homicídio, acidentes de trânsito e suicídio), o limitado
acesso às atividades esportivas, lúdicas e culturais.
Diante de todo esse quadro
de adversidades é que propomos a formação do jovem que seja discípulo de Jesus, pois
o discípulo se compromete com coerência de vida e ação na transformação dos sistemas
políticos, econômicos, trabalhistas, culturais e sociais que mantêm na miséria espiritual
e material milhões de pessoas em nosso continente.
Neste ano o Dia Nacional
da Juventude, como me referi acima, comemora a sua vigésima quinta edição com o tema:
“Juventude: muita reza, muita luta, muita festa, em marcha contra a violência”. Neste
contexto jubilar queremos louvar e agradecer a Deus a tantos quantos jovens se empenham
pelo anúncio do Evangelho. Que o rosto jovem e bonito da Igreja pelos grupos de jovens
sejam cada vez mais motivados para sua atuação, formando vidas que são doadas para
a construção do Reino de Deus, na construção de ações concretas em prol da defesa
dos direitos da juventude levando os jovens a serem verdadeiros discípulos-missionários
de Jesus Cristo. Jovem que reza, jovem de trabalha, jovem que marcha sempre em favor
do Evangelho da Vida. O Papa Bento XVI, na audiência para o Regional Leste 1, ao recordar
esse rosto nos chamou a um trabalho ainda mais eficaz com a Juventude.
O jovem
é convidado por Jesus, assim como todo cristão, a ser discípulo. O convite é pessoal:
Vem e segue-me (Lc 18,22). E quem se torna discípulo de Jesus transforma-se em portador
de sua mensagem, ou seja, em missionário de seu amor. O encontro com Jesus não é algo
abstrato. É necessário mostrar aos jovens os lugares e os momentos concretos nos quais
é possível encontrá-lo como a Sagrada Escritura; a Liturgia, e, sobretudo a Eucaristia;
a comunidade reunida em seu nome, os irmãos e irmãs, especialmente os mais necessitados,
nos quais Jesus Cristo está misteriosamente presente.
Por isso, no âmbito de
nossa Arquidiocese, quero convidar todos os jovens a se entusiasmarem e enamorarem
de Jesus Cristo, alimentados pelo Evangelho e, tendo como conseqüência a ação apostólica
buscando proclamar Jesus através da vida empenhada pelo Reino de Deus. Que a juventude
seja a aurora e a esperança de uma Igreja que é jovem, porque Jesus é jovem e coloca
o seu vigor em favor de nossas vidas e da animação de nosso empenho missionário! Jesus,
sempre jovem, nos chama e convoca para Segui-lo e Testemunhá-lo. Jovem, vinde e vede!
†
Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de
Janeiro, RJ