Cidade do Vaticano, 25 out (RV) - “Tivemos muitos dias difíceis, mas a fé foi
a nossa força”: Luis Urzua, o último dos 33 mineiros chilenos libertados após 69 dias
na mina de San José de Copiapó, no Chile, conta dessa maneira aqueles trágicos momentos.
Topógrafo, de 54 anos e minerador com mais de 30 anos de experiência, Luis era o líder
do grupo. O seu agradecimento se dirige a todos aqueles que ao redor do mundo rezaram
pela salvação dos mineiros, e em particular a Bento XVI, que acompanhou o caso de
perto conservando no seu quarto a bandeira assinada pelos mineiros quando se encontravam
a 700 metros de profundidade para pedir a Deus todos os dias a sua libertação. Luiz
deu o seu testemunho à Rádio Vaticano.
R. “Eu era o chefe dos 33 mineiros presos
na mina de San Jose. Tivemos muitos dias difíceis, mas rezamos muito. Tivemos muitos
momentos de oração durante o dia e isso foi a nossa força. Isso nos levou a nos tornarmos
um grupo mais compacto, mais unido. Deus era o número 34”.
P. - Como vocês
foram capazes de racionar os alimentos nos primeiros 17 dias total isolamento?
R.
- “O pouco que tínhamos, devíamos poupar. No último dia não tínhamos mais nada. Quando
no 18º dia chegou a sonda, voltou a vida: foi um dos momentos mais bonitos.”
P.
- Como vocês organizaram os dias?
R. - “Passávamos os dias falando: conversação,
amizade, recordações, em uma catástrofe que para nós foi enorme. Agradeço a todos
e à Igreja. Tivemos também uma visita dos bispos do Chile. Agradeço por todas as manifestações
de carinho e orgulho. Nosso povo aqui em Copiapó se comportou muito bem, rezando sempre
por nós”.
P. - Qual foi o maior medo de vocês?
R. - “Pensei somente
na minha família. Fora havia muita gente que estava preocupada e angustiada por nós,
porque não sabia nada de seus entes queridos”.
P. – Quanto foi importante para
vocês a oração e a fé?
R. - “A oração e a fé foram fundamentais, nos deram
força quando nós estávamos desanimados, quando tínhamos perdido a esperança. A fé
nos deu esperança para continuar a viver. Entre nós havia religiões diferentes, mas
nós estávamos rezando para o mesmo Deus. Naquele momento como trabalhadores estávamos
todos na mesma situação”. (SP)