Será dedicada à “nova evangelização para a transmissão da fé cristã” a próxima assembleia
geral ordinária dos Bispos, em 2012
(24/10/2010) Anunciou-o Bento XVI, neste domingo de manhã, na basílica de São Pedro,
na homilia da Missa de encerramento do Sínodo para o Médio Oriente, que decorreu nas
duas últimas semanas.
Comentando antes de mais as leituras do dia, o Papa evocou
a parábola do fariseu e do publicano, que subiram ao templo para rezar, advertindo
contra a tentação farisaica de recordar a Deus os nossos méritos, quando, pelo contrário,
a oração deve ser humilde:
“Para subir ao Céu, a oração deve partir de um coração
humilde, pobre. Portanto, também nós, no final deste evento eclesial, queremos antes
de mais dar graças a Deus, não pelo nossos méritos, mas pelo dom que Ele nos fez.
Reconhecemo-nos pequenos e necessitados de salvação, de misericórdia”.
Passando
depois à primeira leitura e ao respectivo Salmo responsorial, Bento XVI recordou que
“o Senhor está perto dos que têm o coração atribulado e salva os de ânimo abatido”...
“O espírito dirige-se a tantos irmãos e irmãs que vivem na região do Médio
Oriente e se encontram em situações difíceis, por vezes graves, ou por privações materiais,
ou pelo desânimo, pelo estado de tensão, e porventura de medo. A Palavra de Deus também
hoje nos oferece uma luz de esperança consoladora, quando apresenta a oração, personificada,
que não desiste até que o Altíssimo intervenha e dê satisfação aos justos, restabelecendo
a equidade”.
Este elo entre oração e justiça leva-nos a pensar em tantas
situações no mundo, em particular no Médio Oriente - observou o Papa, que comentou
também o texto paulino, da segunda Carta a Timóteo. No meio de todo o tipo de dificuldades,
o Apóstolo combateu o bom combate, terminou a sua carreira, conservou a fé”. E conclui:
“O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem
do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem”.
“É
uma palavra que ressoa com especial vigor neste domingo em que celebramos o Dia Mundial
das Missões. Comunhão com Jesus crucificado e ressuscitado, testemunho do seu amor.
A experiência do Apóstolo é paradigmática para todos os cristãos, especialmente para
nós, Pastores. Partilhámos um momento forte de comunhão eclesial. Despedimo-nos agora
para tornar cada um à sua missão, mas sabemos que permanecemos unidos, permanecemos
no seu amor”.
“Desde há muito tempo que no Médio Oriente perduram os conflitos,
a guerra, a violência, o terrorismo. A paz, que é dom de Deus, é também o resultado
dos esforços dos homens de boa vontade, das instituições nacionais e internacionais,
em particular dos Estados mais envolvidos na busca da solução dos conflitos”.
“Há
que nunca resignar-se à falta de paz. A paz é possível. A paz é urgente. A paz é a
condição indispensável para uma vida digna da pessoa humana e da sociedade. A paz
é também o melhor remédio para evitar a emigração do Médio Oriente. Pedi a paz
para Jerusalém – diz-nos o Salmo. Rezemos pela paz na Terra Santa”.
Bento
XVI convidou também a rezar pela paz em todo o Médio Oriente, com um empenho para
que tal dom de Deus oferecido aos homens de boa vontade se difunda no mundo inteiro.
Mas, para além da promoção da paz – acrescentou o Papa – há um outro contributo que
os cristãos estão chamados a dar.
“Um outro contributo que os cristãos podem
dar à sociedade é a promoção de uma autêntica liberdade religiosa e de consciência,
um dos direitos fundamentais da pessoa humana que todos os Estados deveriam sempre
respeitar”.
Em muitos países do Médio Oriente existe liberdade de culto, enquanto
que o espaço da liberdade religiosa é tantas vezes bastante limitado – observou o
Papa.
“Alargar este espaço de liberdade torna-se uma exigência para garantir
a todos os pertencentes às várias comunidades religiosas a verdadeira liberdade de
viver e professar a própria fé”.
Uma questão que (acrescentou Bento XVI) poderia
vir a ser objecto de diálogo entre cristãos e muçulmanos, diálogo cuja urgência e
utilidade foi reafirmada pelos Padres Sinodais.
A concluir, e recordando
a recente criação do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, o
Santo Padre anunciou o tema da próxima assembleia sinodal, em 2012, decisão tomada
após consulta ao episcopado do mundo inteiro: “A nova evangelização para a transmissão
da fé cristã”.