Cidade do Vaticano, 24 out (RV) - A parábola que o Senhor nos relata neste
domingo, fala de dois homens que vão rezar no Templo de Jerusalém. Um é fariseu e
outro, publicano.
O primeiro era uma pessoa honesta e íntegra. Fazia até mais
do que era prescrito. Contudo, isso lhe provocava um certo orgulho, uma certa vaidade
e, ao mesmo tempo, um desprezo pelos pecadores.
O segundo, o publicano, era
um cobrador de impostos incorreto, oprimia os pobres e a Lei o obrigava, para se redimir,
o pagamento de uma soma exorbitante, praticamente impossível de ser realizado. No
entanto, o Senhor diz que a oração do publicano foi ouvida e a do fariseu, não. Por
que?
Jesus não está se referindo ao comportamento moral dos dois. Nesse caso,
é claro, que o fariseu deveria ser elogiado e o publicano, condenado.
Jesus
nos ensina nesta parábola que a grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta
e seus atos corretos a si mesmo, como mérito seu, e apresentá-los como dignos de justificação.
Deus não deveria fazer nada mais do que elogiar os atos do fariseu e lhe dar o prêmio
merecido com sua atitude de homem do bem. Era esse o pensamento do fariseu. Ele não
pede a Deus uma justificação, uma redenção, mas um reconhecimento. Ele se esqueceu
que foi Deus quem o conduziu pelo bom caminho e lhe proporcionou fazer o bem e viver
com dignidade.
Quanto ao publicano, ele apresenta a única imagem que o ser
humano deve assumir diante de Deus: a do pobre, do que se reconhece necessitado e
pede. Ele sabe que nada poderá exigir, cobrar, porque não possui condições para isso.
E
para nós, quais as consequências dessa parábola?
Primeiro: deveremos olhar
Deus não como um contador e nem como um distribuidor de prêmios, mas como o Pai que
ama a todos gratuitamente e que deseja nosso amor gratuito.
Segundo: quenão
façamos grupo dos bons, no sentido de nos sentirmos especiais a ponto de desprezarmos
os outros. Que não nos separemos. Fariseu significa separado! Deus não quer o grupo
dos bons e o grupo dos maus. Atenção: na hora de morrer Jesus ecolheu morrer entre
dois bandidos!
Terceiro: quem confia nos próprios méritos jamais será agraciado
por Deus, pois Ele exalta quem é pequeno, quem se sente pobre e o fariseu se demonstra
rico e nada pede. Está cheio de si, de seus feitos. Não precisa de Deus, de sua graça,
de sua misericórdia, apenas de seu reconhecimento
O publicano sabe-se devedor
a Deus, sua oração nasce de sua miséria. Reconhece que se não houver um Deus misericordioso,
seu caso não conhecerá salvação.
A salvação é gratuita! Ninguém pode pretendê-la
por julgar-se merecedor. A salvação é misericórdia de Deus paga a caro preço com seu
sangue derramado no madeiro da cruz. De fato, não é merecimento. A salvação nos é
gratuita porque é dom de Deus! (CAS)