BENTO XVI NO ENCERRAMENTO DO SÍNODO: A PAZ É POSSÍVEL
Cidade do Vaticano, 24 out (RV) - Concluiu-se, neste domingo, a Assembleia
Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, que teve como tema "A Igreja Católica
no Oriente Médio: comunhão e testemunho". O Papa encerrou o evento presidindo a celebração
eucarística na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Em sua homilia, Bento XVI
ressaltou que durante o Sínodo os Padres Sinodais partilharam um forte momento de
comunhão eclesial e acrescentou: "a Assembléia sinodal que hoje se encerra manteve
sempre presente o ícone da primeira comunidade cristã, descrita nos Atos dos Apóstolos:
"A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma" (At 4, 32). É uma realidade
experimentada nos dias passados, nos quais partilhamos a alegria e as dores, as preocupações
e as esperanças dos cristãos do Oriente Médio. Vivemos a unidade da Igreja na variedade
das Igrejas presentes naquela Região. Guiados pelo Espírito Santo, nos tornamos "um
só coração e uma só alma" na fé, na esperança e na caridade, sobretudo durante as
Celebrações Eucarísticas, fonte e cume da comunhão eclesial, como também na Liturgia
das Horas, celebrada cada manhã em um dos 7 ritos católicos do Oriente Médio."
O
Papa expressou o desejo de que tais experiências positivas se repitam também nas respectivas
comunidades do Oriente Médio. "A oração comum nos ajudou também a enfrentar os desafios
da Igreja Católica no Oriente Médio. Um desses desafios é a comunhão dentro de cada
Igreja sui iuris, como também nas relações entre as várias Igrejas católicas de diferentes
tradições. Uma mais plena comunhão dentro da Igreja Católica favorece também o diálogo
ecumênico com as outras Igrejas e Comunidades eclesiais" – ressaltou Bento XVI.
O
Santo Padre sublinhou que a Igreja Católica "reiterou também no Sínodo sua profunda
convicção de continuar tal diálogo, para que se realize completamente a oração do
Senhor Jesus 'para que todos sejam um' (Jo 17, 21)".
O Papa frisou que os cristãos
no Oriente Médio são portadores da Boa Nova do amor de Deus pelo homem, amor que se
revelou na Terra Santa, na pessoa de Jesus Cristo.
"Esta Palavra de salvação,
fortalecida pela graça dos Sacramentos, é a única palavra capaz de romper o ciclo
vicioso da vingança, do ódio, da violência. De um coração purificado, em paz com Deus
e com o próximo, podem nascer propósitos e iniciativas de paz em nível local, nacional
e internacional. Nesse trabalho, a cuja realização é chamada toda a comunidade internacional,
os cristãos, cidadãos com todos os direitos, podem e devem dar a sua contribuição
com o espírito das bem-aventuranças, tornando-se construtores de paz e apóstolos de
reconciliação para o benefício de toda a sociedade" - frisou o Santo Padre.
Bento
XVI ressaltou que "a paz, que é dom de Deus, é também o resultado dos esforços dos
homens de boa vontade, de instituições nacionais e internacionais, especialmente dos
Estados mais envolvidos na busca da solução dos conflitos. A paz é possível. A paz
é urgente. A paz é a condição indispensável para uma vida digna da pessoa humana e
da sociedade. A paz é também o melhor remédio para evitar a emigração do Oriente Médio".
"Rezemos
pela paz na Terra Santa. Rezemos pela paz no Oriente Médio, comprometendo-nos para
que tal dom de Deus oferecido aos homens de boa vontade se espalhe pelo mundo inteiro"
– disse ainda o Papa.
Bento XVI frisou que outra contribuição que os cristãos
podem dar à sociedade é a promoção de uma verdadeira liberdade religiosa e de consciência,
um dos direitos fundamentais da pessoa humana que cada Estado deveria sempre respeitar.
"Ampliar esse espaço de liberdade se torna uma exigência para garantir a todas
as pessoas pertencentes às várias comunidades religiosas a verdadeira liberdade de
viver e professar a sua fé. Esse tema poderia se tornar objeto de diálogo entre cristãos
e muçulmanos, diálogo cuja urgência e utilidade foram reafirmadas pelos Padres sinodais"
– concluiu o Santo Padre. (MJ/SP)