2010-10-22 18:03:20

PAPA: IGREJA NÃO É NEUTRA ACERCA DE VALORES E ASPIRAÇÕES DO SER HUMANO


Cidade do Vaticano, 22 out (RV) - A contribuição da fé para o desenvolvimento da sociedade, a promoção da vida e da família, e a importância das raízes cristãs da Europa: foram os temas que Bento XVI abordou nas audiências sucessivas concedidas, na manhã desta sexta-feira, no Vaticano, a três novos embaixadores junto à Santa Sé para a apresentação de suas credenciais.

Trata-se dos embaixadores de Equador, Portugal e Eslovênia. O Pontífice ressaltou que a Igreja não tem ambições políticas, mas é chamada a oferecer a sua contribuição para o bem comum.

No discurso ao Embaixador do Equador, Luis Dositeo Latorre Tapia, o Papa Ratzinger recordou que pôde visitar o país andino em 1978. O Pontífice evidenciou os benefícios que a fé católica pode oferecer para a promoção da pessoa e da sociedade.

A Igreja – reiterou – "não busca nenhum privilégio", pede somente para dar a sua contribuição para o "desenvolvimento integral das pessoas". O bem comum – ressaltou – deve prevalecer "sobre os interesses de partido e de classe" e "o imperativo moral" deve ser o ponto de referência obrigatório de todo cidadão.

Bento XVI acrescentou que "não pode haver bem comum universal sem o bem espiritual e moral das pessoas". A história – observou – ensina que o desconhecimento da verdade sobre o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, leva comumente "às injustiças e aos totalitarismos".

Quando, ao invés, o Estado respeita essa verdade, então "se consolida a liberdade e a autêntica participação" social. Eis o motivo pelo qual a vida deve ser defendida em todas as suas fases, a liberdade religiosa, bem como a família, fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher - frisou.

Os Pastores da Igreja – acrescentou – "não devem entrar no debate político, propondo soluções concretas". E, todavia, "não devem ficar neutros diante dos grandes problemas e aspirações do ser humano, nem ser indolentes no momento de lutar pela justiça".

Por fim, o Santo Padre, que elogiou a contribuição da Igreja no âmbito da educação dos jovens, exortou os equatorianos a preservarem as muitas belezas naturais do país.

No discurso ao Embaixador português, Manuel Tomás Fernandes Pereira, o Pontífice – após recordar com alegria a visita apostólica feita a Portugal em maio passado – reiterou o compromisso da Santa Sé "no serviço à causa da promoção integral do homem e dos povos".

"Deveria ser convicção de todos – observou – que os obstáculos a tal promoção não são somente de ordem econômica, mas dependem de atitudes e valores mais profundos: os valores morais e espirituais".

Desse modo, quando a Igreja "promove a consciência de que esses mesmos valores devem inspirar a vida pública e privada, não o faz por ambições políticas, mas para ser fiel à missão a ela confiada por seu Fundador".

Bento XVI, na esteira do Concílio Vaticano II, ressaltou que a "a Igreja, por força de sua missão e da sua natureza, não está ligada a nenhuma forma particular de cultura humana ou sistema político, econômico ou social": e, justamente "por essa sua universalidade, pode constituir um laço estreitíssimo entre as diversas comunidades humanas e nações, desde que elas confiem na Igreja e lhe reconheçam, efetivamente, uma verdadeira liberdade para o cumprimento da sua missão", que é "de caráter moral e religioso".

Portanto, a Igreja – prosseguiu Bento XVI – não se confunde com "modelos parciais e passageiros de sociedade, mas tende à transformação dos corações e das mentes, para que o homem possa descobrir e reconhecer a si mesmo na verdade plena de sua humanidade".

No discurso dirigido à embaixadora da Eslovênia, Maja Maria Lovrenćić Svetek, o Santo Padre se deteve, em primeiro lugar, sobre a integração da nação eslovena na União Européia, que "tem entre seus pressupostos fundamentais as comuns raízes cristãs do Velho Continente" – ressaltou.

Bento XVI observou que, justamente, "o ancorar-se da Eslovênia nos valores evangélicos" contribuiu de modo importante "para a coesão do país". Esse patrimônio "constituiu, também nos momentos mais difíceis e dolorosos, um constante fermento de conforto e de esperança, e ajudou a Eslovênia em seu caminho rumo à independência após a queda do regime comunista" – acrescentou.

Um período no qual a Santa Sé "quis fazer-se particularmente próxima à nação eslovena", recordou o Pontífice, reiterando o compromisso da Igreja em favor da "promoção da paz e da justiça, da superação dos desacordos e da intensificação das relações construtivas".

Por fim, o Santo Padre exortou os católicos do país a se comprometerem com a "construção de uma sociedade mais justa e mais solidária, no respeito pelas convicções e pelas práticas religiosas de cada um". (RL)







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