IGREJA CATÓLICA POLONESA TRAVA LUTA CONTRA FECUNDAÇÃO IN VITRO
Varsóvia, 22 out (RV) - A Igreja Católica na Polônia está travando uma luta
contra a fecundação in vitro e ameaça com a excomunhão os deputados favoráveis
à sua legalização, coincidindo com um debate no Parlamento, nesta sexta-feira, de
vários projetos de lei sobre bioética.
Os deputados favoráveis à fertilização
in vitro (FIV) "ficam automaticamente fora da comunidade da Igreja", declarou
em entrevista, o Arcebispo Henryk Hoser, médico de formação e encarregado dos temas
bioéticos no Episcopado. "A concepção de uma criança deveria acontecer de forma natural"
– insistiu ele.
Em carta divulgada, na última segunda-feira, aos líderes do
país, os bispos denunciam a prática, definindo-a como "a irmã mais nova da eugenia",
uma técnica dedicada à melhoria das características genéticas dos humanos, usada,
sobretudo, pelos nazistas.
"Comparar os médicos que praticam esse método com
os nazistas é um atentado contra a memória do Holocausto" – rebateu o prof. Slawomir
Wolczynski, da Academia de Medicina de Bialystok, leste do país, primeiro centro a
introduzir a fecundação in vitro na Polônia.
No passado, os bispos poloneses
já haviam comparado a FIV a "uma espécie de aborto refinado", uma vez que o método
"leva à morte de vários embriões", a cada tentativa.
"A Igreja tem o direito
de opinar, mas nunca pensei que o faria de forma tão drástica" – disse o porta-voz
do governo, Pawel Gras, referindo-se à carta enviada pelos prelados ao presidente,
ao primeiro-ministro e aos deputados.
O presidente liberal Bronislaw Komorowski,
católico e pai de cinco filhos, pediu "um compromisso razoável" que respeite a sensibilidade
cristã e a "de todos os numerosos casais que _ às vezes desesperadamente – buscam
uma saída para ter um filho".
A Polônia analisa dois projetos de lei sobre
a fecundação in vitro: um que permite o congelamento dos embriões "excedentes";
e outro que não permite que isso seja feito. A Igreja considera o segundo projeto
menos "nocivo" porque proíbe armazenar e, consequentemente, selecionar e destruir
embriões, respeitando, assim, a vida, desde a sua concepção. (AF)