SÍNODO DOS BISPOS: CRISTÃOS DO ORIENTE MÉDIO NÃO ESTÃO SOZINHOS
Cidade do Vaticano, 18 out (RV) - O Sínodo para o Oriente Médio, em andamento
no Vaticano com o tema "comunhão e testemunho", teve uma manhã densa de trabalhos
nesta segunda-feira.
De fato, na presença do Papa, o Patriarca de Alexandria
dos Coptas no Egito e relator do Sínodo, Antonios Naguib, e o Arcebispo de Chipre
dos Maronitas e Secretário especial do Sínodo, Joseph Soueif, apresentaram o "Relatório
após a discussão" em que foram resumidos os temas principais tratados até então no
Sínodo, baseado nos quais serão elaboradas as Proposições finais.
Na parte
da tarde, os trabalhos prosseguiram, a portas fechadas, com os Círculos menores.
Segundo
o Relatório do Patriarca Naguib, os temas até então tratados são muitos, mas há uma
única certeza: os cristãos do Oriente Médio não estão sozinhos.
Parte-se da
importância da Palavra de Deus, do fato que ser cristãos significa ser missionários
e que o anúncio religioso pacífico não é proselitismo, porque Jesus pede aos cristãos
não que convençam, mas que testemunhem o Evangelho com alegria.
Em seguida,
foram reiteradas a liberdade religiosa e de consciência, a igualdade dos cidadãos
diante da lei, a importância da mídia – instrumento potente e precioso na difusão
da mensagem evangélica. Destacadas também as escolas e universidades – lugar privilegiado
da coexistência pacífica – que devem ser apoiadas.
No espaço reservado à política,
condena-se a violência, venha de onde vier; expressa-se solidariedade aos palestinos,
cuja situação atual – lê-se no Relatório – favorece o fundamentalismo, e se pede à
comunidade internacional que considere a dramática situação dos cristãos no Iraque.
Apresenta-se
também como central, no Relatório, o tema da emigração: é um direito natural, diz
o Sínodo, mas não deve ser encorajado como escolha preferível, mais que isso, é preciso
favorecer a paz e o desenvolvimento, para que os cristãos permaneçam no Oriente Médio.
O
olhar da Assembléia sinodal estende-se também à diáspora, fazendo votos para que as
Igrejas do Oriente mantenham os contatos com os fiéis também fora do país de origem.
E a questão da migração diz respeito também àqueles que migram na região, como os
africanos e os asiáticos, que muitas vezes são explorados no âmbito do trabalho, ao
tempo em que, ao invés, devem ser acolhidos e ajudados.
Dá-se atenção também
aos jovens e às mulheres, força do presente e do futuro, bem como aos leigos e às
novas realidades eclesiais, e ao valor da vida monástica contemplativa, que deve ser
redescoberta.
O Relatório sugere também uma espécie de "banco de sacerdotes"
e um "banco para os leigos", de modo a se ter sempre "pessoas prontas a irem até os
fiéis presentes nas áreas em dificuldades".
Quanto ao diálogo ecumênico, os
padres sinodais reiteram – na esteira de Bento XVI – que sem comunhão não há testemunho
e que a divisão é um escândalo. É preciso fazer um esforço sincero para superar os
preconceitos – diz a Assembléia sinodal.
Em seguida, propõem a participação
dos patriarcas no Conclave (assembleia de cardeais para a eleição do Papa, ndr)
e a se pensar uma forma nova do exercício do primado que não prejudique a missão do
Bispo de Roma e que se inspire nas formas eclesiais do Primeiro milênio. Trata-se
de um tema delicado – reconhece o Sínodo – que poderia ser estudado por uma comissão
pluridisciplinar formada para isso, encarregada pelo Papa. (RL)