LISBOA: MISSA CELEBRADA DE CAPACETE EM SINAL DE PROTESTO
Lisboa, 18 out (RV) - Na igreja paroquial de Santo Antônio de Campolide, em
Lisboa, foi celebrada, neste domingo, uma missa muito particular, com o sacerdote,
Pe. João Nogueira, e os fieis – cerca de 150 – todos de capacete na cabeça, em sinal
de protesto pelo estado de degradação a que o Governo deixou o imóvel chegar.
Os
120 capacetes encomendados pelo pároco não bastaram para todos os interessados, mas
houve quem viesse precavido de casa, como uma família de cinco pessoas, que levou
consigo as proteções normalmente utilizadas para andar de bicicleta.
Com exceção
de uma ou outra cabeça descoberta, da entrada da igreja –classificada como imóvel
de interesse público – podia-se ver, na manhã de ontem, uma mancha compacta de reluzentes
capacetes brancos, do tipo utilizado nas construções.
Essa foi a forma encontrada
pelo pároco, Pe. João Nogueira, para dar visibilidade à luta que vem travando há mais
de 12 anos, para que o imóvel seja restaurado. Em causa está não só a degradação da
igreja, mas também o fato de o Ministério da Fazenda recusar-se a restituir, gratuitamente,
ao Patriarcado de Lisboa, a igreja que foi confiscada pelo Estado, três dias após
a instauração da República.
"Há 100 anos, este templo pede que se faça justiça;
e há 100 anos, essa justiça não vem sendo feita" – disse o pároco de Campolide, em
sua homilia, na qual teceu fortes críticas à atitude do ministro Teixeira dos Santos,
acusando-o de usar de "hipocrisia".
Equipado, ele também, de capacete branco,
Pe. João Nogueira sublinhou o avançado estado de degradação em que se encontra a igreja
que, segundo ele, está "prestes a ruir". As duras palavras de Pe. João Nogueira
– que não havia informado da iniciativa o cardeal-patriarca de Lisboa, José da Cruz
Policarpo – foram recebidas com entusiasmo pela plateia de fieis, que não resistiu
a brindá-lo com uma sonora e sentida salva de palmas. (AF)