BENTO XVI: IGREJA NÃO PODE FICAR INDIFERENTE DIANTE DOS MALES DA SOCIEDADE
Cidade do Vaticano, 18 out (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, ao meio-dia
desta segunda-feira, no Vaticano, o novo Embaixador de El Salvador junto à Santa Sé,
Manuel Roberto López Barrera, para a apresentação de suas credenciais.
No discurso
endereçado ao diplomata salvadorenho, o Santo Padre ressalta o precioso patrimônio
cristão do país e o importante papel da Igreja na promoção da paz e do desenvolvimento.
Também em El Salvador – recorda o Papa – a Igreja promove, "no âmbito de suas específicas
competências, com autonomia e liberdade... o bem comum em todas as suas dimensões".
Através
do anúncio do Evangelho e testemunhando o amor de Deus sem fazer exclusões, a Igreja
contribui para "erradicar a pobreza" e para "lutar contra a violência, a impunidade
e o narcotráfico, que estão causando tantas devastações, em particular, entre os jovens".
El
Salvador, saído em 1992 de uma desastrosa guerra civil que durou mais de dez anos,
está prosseguindo o processo de pacificação interna: mas a situação permanece frágil,
com uma economia fraca, baseada numa agricultura ligada ao latifúndio, uma dívida
externa muito elevada, uma alta taxa de criminalidade e um analfabetismo que supera
20%.
O Papa recorda que a Igreja "não pode olhar com indiferença" para tudo
isso e, em particular, não pode silenciar quando são atingidas "exigências fundamentais
como a justa distribuição da riqueza, a honestidade no exercício das funções públicas
ou a independência dos juízes".
Em seguida, o Pontífice lança um apelo a se
trabalhar pela definitiva reconciliação, reiterando que "com a violência não se alcança
nada, mas tudo piora", porque "é um beco sem saída, um mal detestável e inadmissível",
uma sedução que engana a pessoa e a deixa indignada.
Em seguida, o Pontífice
faz referência ao papel das forças de polícia e de segurança, chamadas a assegurar,
"no quadro da legalidade, o bem-estar da população". Ao mesmo tempo, evoca "a inviolável
dignidade da vida humana desde sua concepção até seu término natural – assim como
também a Constituição do país proclama – o valor da família fundada no matrimônio
entre um homem e uma mulher e o direito dos pais a educar os filhos segundo as suas
convicções morais e espirituais".
Por fim, o Papa ressalta "a presença agressiva
das seitas, que se mostram como uma fácil e cômoda resposta religiosa", mas que "minam
a cultura e os costumes que ao longo dos séculos plasmaram a identidade salvadorenha,
ofuscando a beleza da mensagem evangélica". (RL)