DRAMA DOS CRISTÃOS IRAQUIANOS QUE FUGIRAM PARA A SÍRIA
Damasco, 15 out (RV) - Padre Farid Botros, Pároco da comunidade caldéia de
Damasco, capital da Síria, manifesta a sua preocupação por um fenômeno que está assumindo
proporções até então desconhecidas. “Temos cerca de quatro mil famílias de cristãos
caldeus que fugiram do Iraque, muitas delas apenas com apenas as roupas do corpo,
e ameaçadas de morte. A lei síria – refere a agência de notícias AsiaNews - não permite
que esses cristãos trabalhem; muitos realizam atividades às escondidas; e outros,
em número crescente, acabam se prostituindo”.
Padre Farid calcula em cerca
de vinte mil os cristãos provenientes do Iraque e que atualmente são apoiados de várias
maneiras pela Igreja de Damasco; mas o sacerdote observa a ajuda é para todos os refugiados,
independentemente da sua fé. Assistência médica, habitação (não há campos de acolhida,
os refugiados vivem em casa particulares), e uma ajuda material, além de assistência
espiritual são os problemas prioritários.
Nos dias passados, em Londres, o
Bispo católico caldeu de Aleppo, na Síria, Dom Antoine Audo, falou sobre o problema
dos refugiados cristãos que se prostituem por desespero. “Este é um grande problema,
e não sabemos como enfrentá-lo”, disse. “Eu pedi à Congregação das Pequenas Irmãs
de Jesus para nos ajudar. O motivo é a pobreza, e na Síria, não existem leis ou regulamentos
para protegê-los. É um problema novo para nós, o fenômeno tão difundido da prostituição
na comunidade cristã”.
O Bispo e o Padre Farid, falam também dos mil catequistas
cristãos iraquianos que estão se preparando em Damasco e dos planos para abrir uma
nova escola secundária que serviria seja aos iraquianos que aos sírios. A Síria inicialmente
acolheu com favor cerca de 1,2 milhões de refugiados, 60 mil dos quais cristãos. Agora,
as fronteiras são muito menos penetráveis, pelo receio da infiltração de terroristas.
Padre Farid destaca ainda o fenômeno da crescente presença de mulheres com véu nas
ruas e nos locais de trabalho. “É um fenômeno em constante crescimento, - disse ele
– apesar de que na Síria não se sente, no momento, nenhuma pressão social sobre a
comunidade cristã neste sentido”. (SP)