Presença cristã dá equilíbrio fundamental ao Médio Oriente . Patriarca Greco-Melquita
alerta para as consequências do êxodo católico no mundo árabe
(14/10/2010) "A paz, a convivência e a presença cristã no mundo árabe estão ligadas
de uma forma sólida e existencial", realçou Gregorios III Laham, o actual Patriarca
Greco-Melquita de Antioquia e de todo o Oriente, Alexandria e Jerusalém, intervindo
nos trabalhos do Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente. No entanto, para aquele
responsável, "a permanência cristã no território tem vindo a ser ameaçada pelos ciclos
da guerra que constantemente afectam o mundo árabe, apontado como o berço do Cristianismo". Gregorios
III Laham identificou o conflito israelo-palestiniano e as suas consequências como
a principal causa para esta realidade. "Os movimentos fundamentalistas, como o
Hamas ou o Hezbollah", sublinha o prelado sírio, "surgem na sequência deste conflito,
assim como a instabilidade interna, o atraso no desenvolvimento, a escalada do ódio
e a perda de esperança entre os mais jovens, que constituem cerca de 60 por cento
da população, nos países árabes". Toda esta instabilidade tem contribuído para
um ciclo cada vez maior de emigração, entre as comunidades cristãs, algo que Gregorios
III Laham considera como "um dos efeitos mais perigosos" do conflito israelo-palestiniano.
E explica porquê: "Esta emigração vai transformar a sociedade árabe num bloco de uma
só cor, de cariz muçulmano, que se vai deparar com uma sociedade europeia, predominantemente
cristã".
Para o líder da Igreja Greco-Melquita de Antioquia, se o Oriente for
esvaziado dos seus cristãos, cada ocasião de encontro poderá tornar-se num pretexto
para o choque de culturas, de civilizações e de religiões. "Seria um choque destrutivo
entre o Oriente Muçulmano Árabe e o Ocidente Cristão", assume Gregorios III Laham. A
solução, para o líder católico sírio, terá de passar sempre por uma relação de confiança
entre o Oriente e o Ocidente. "Pensamos que é necessário procurar dialogar com os
nossos irmãos muçulmanos e reflectir com honestidade acerca dos problemas que mais
nos preocupam", defende. A separação entre Religião e Estado, a democracia, a arabicidade
ou as leis e direitos humanos que propõem o Islão como a única fonte de legislação,
criando até obstáculos à igualdade entre os seus próprios cidadãos, foram algumas
das preocupações referidas pelo Patriarca Gregorios III Laham. Ele acrescentou
ainda "os partidos fundamentalistas, de integração islâmica, muitas vezes apontados
como responsáveis por actos de terrorismo e de assassínio, de destruição de igrejas,
em nome da sua religião". Aquele responsável terminou propondo "uma nova jihad"
- que todos trabalhem para alcançar a paz e o bem comum, "algo que constituiria a
verdadeira vitória e daria aos jovens muçulmanos e cristãos uma garantia de liberdade,
prosperidade e segurança". Esta primeira assembleia para o Médio Oriente do Sínodo
dos Bispos reúne no Vaticano 185 “padres sinodais”, até dia 24 de Outubro, para reflectir
sobre a situação da Igreja na região, desde a presença católica à situação social
e política. Além dos católicos de rito latino existem nestes países seis Igrejas
orientais católicas com autonomia própria, “sui iuris”, lideradas por um Patriarca
próprio, em comunhão com Roma, como por exemplo a Igreja greco-melquita,