Novo diálogo cultural da Igreja Católica em Portugal: Secretariado Nacional da Pastoral
da Cultura cria equipas para acompanhar o sector da política, arquitectura, cinema,
artes, literatura e comunicação.
(13/10/10) Em Portugal o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) decidiu
renovar a sua organização interna através da criação de seis equipas dedicadas à política,
arquitectura, cinema, artes plásticas e performativas, literatura e comunicação. “Até
hoje temos trabalhado no geral, mas ganhamos muito ao complementar essa vertente com
as diversas contribuições específicas”, explicou ao SNPC o presidente da Comissão
Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Manuel Clemente. O
bispo do Porto espera que estas equipas “apresentem uma proposta mais concreta e decidida”
do seu plano de acção no próximo Encontro Nacional de Referentes da Pastoral da Cultura,
a realizar em 2011, sem deixar de começar a executar desde já as actividades previstas
para 2010. Os novos grupos são compostos por pessoas que já colaboravam com o SNPC,
à excepção de Duarte Góis, que coordena os 15 elementos responsável pela área política. Os
membros desta equipa, todos entre os 35 e 40 anos e com formação em várias áreas no
domínio da economia, vêm de diferentes quadrantes ideológicos mas não têm ligações
nem ambições políticas, frisa o responsável. A equipa vai reunir este mês, possivelmente
na Capela do Rato, em Lisboa, com uma “agenda totalmente em aberto, para não impor
nada”, referiu o responsável, salientando que a adesão à ideia foi boa porque “as
pessoas sentem necessidade de ajudar e de se desinstalarem”. A área cinematográfica,
a trabalhar há alguns meses, é constituída por Margarida Ataíde, jornalista e crítica
da 7.ª arte, Inês Gil, professora universitária de cinema, e pelo director do SNPC,
padre José Tolentino Mendonça. “A grande preocupação do grupo é dar um novo impulso
à presença da Igreja portuguesa sobretudo no mundo cinematográfico, mas também no
audiovisual”, diz Margarida Ataíde, de 43 anos. O grupo dedicado à arquitectura
começou informalmente mas adquiriu uma vertente mais institucional, recorda o padre
João Norton, de 47 anos. O padre jesuíta e João Alves da Cunha, ambos arquitectos,
organizaram a exposição sobre as novas igrejas na Alemanha, realizada em Fevereiro
deste ano, iniciativa que incluiu debates e visitas guiadas a espaços sagrados católicos
em Portugal. As actividades da equipa incluem reuniões com arquitectos para reflectir
sobre as novas igrejas e os espaços litúrgicos, encontros onde, segundo o padre João
Norton, tem sido possível constatar o interesse despertado por esses temas e a necessidade
de promover acções de formação. Em breve será apresentada uma exposição de igrejas
contemporâneas de referência, que além de Lisboa poderá passar por Évora, Fátima e
Porto: “Será a oportunidade de mostrar bons exemplos de arquitectura religiosa”, afirmou
o religioso jesuíta, acrescentando que a iniciativa será complementada com uma reflexão
teórica sobre o assunto. Em agenda está também uma mostra da arquitectura das novas
igrejas em Portugal “depois do marco que foi Marco de Canaveses” [igreja projectada
por Siza Vieira], juntando à perspectiva visual um olhar crítico sobre os aspectos
éticos e estéticos relacionados com esses espaços e as comunidades que os utilizam. A
equipa dedicada às artes plásticas, performativas, sonoras e visuais é composta por
Gabriela Cavaco, Paulo do Vale e Rui Aleixo. O grupo “Comunicação e Futuro” conta
com a coordenação de Filipe d’Avillez e Isabel Alçada Cardoso, enquanto que a literatura
será assumida por José Rui Teixeira. (Com Secretariado Nacional da Pastoral da
Cultura)