SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA
Campanha, 12 out (RV) - “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor e minha alma
exulta no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de
suas jóias”
Meus queridos irmãos,
O Brasil está unido, de norte a sul,
de leste a oeste, para a grande festa de nossa excelsa padroeira: a Virgem da Conceição,
Aparecida das águas do Rio Paraíba, no vale do mesmo nome, no ano de 1717. A devoção
à Virgem Maria que nos abre o caminho mais rápido para contemplarmos a Santíssima
Trindade.
No majestoso Santuário Nacional de Nossa Senhora, na paulista Aparecida,
ou nas Catedrais, Igrejas Matrizes, Igrejas Filiais e Capelanias de todo o imenso
território nacional os fiéis precedidos de seus Pastores, louvam a Deus, por intermédio
de sua Mãe que nos legou o mais simples e profundo modo de seguir a Jesus Cristo,
o Redentor: “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (cf. Jo 2, 5).
Irmãos e Irmãs,
Maria
deve ser colocada, dentro de um bom entendimento da liturgia de hoje, como a intercessora
do povo, como principal padroeira do povo brasileiro. A primeira leitura (cf. Est
5,1b-2; 7,2b-3) nos ensina que a intervenção da Rainha Ester junto ao Rei Assuero
em favor do povo judeu, ao qual ela mesma pertencia. Ao mesmo tempo, menciona-se a
graciosa beleza desta “flor do seu povo”.
A Rainha Ester, judia, que conseguiu
a proteção de seu povo dominado, graças às suas qualidades reais e à presença de Deus
na sua vida. Ester é um símbolo do amor que Deus dedica a qualquer nação que expressa
a sua confiança nele reconhecendo a sua obra em Maria, a “rainha”, mas também acolhendo
a sua vontade e justiça como rumo de seu caminho. Pois não adianta implorar a intercessão
da rainha, se se rejeita a justa vontade do rei.
Veneramos a Virgem Maria,
que nos trouxe a salvação, quando todos somos chamados a amar a Virgem com o coração
de filhos, tendo em vista que em Jesus, tornamo-nos todos irmãos pelo batismo. A Virgem
Aparecida nos traz recordações importantes na vida cristã: como a ternura maternal
da Virgem, sua dedicação a Jesus como mulher de fé, seu serviço prestado a toda a
humanidade. Em Maria temos o mais perfeito exemplo do discípulo e da discípula de
Jesus, que sabe cumprir os mandamentos e fazer realizar a única vontade do Pai, que
se concretiza na salvação do povo de Deus.
Meus amigos,
A Virgem Maria
deve ser apresentada como o Modelo de fidelidade do ser humano a Deus. Maria da fraternidade.
Maria da acolhida. Maria da graça. Maria da partilha. Maria da misericórdia. Maria
da graça santificante. Maria da generosidade. Maria do serviço!
Relembramos
assim, a visita do Conde de Assumar, em 1717, a Guaratinguetá, quando os pescadores
Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso foram escalados para pescar para a refeição
da visita ilustre, sendo este dia uma sexta-feira, dia de abstinência de carne. Os
homens simples do Vale do Paraíba nada pescaram. Quando já estavam quase desanimando
jogaram a rede e retiram uma imagem pequena de Nossa Senhora da Conceição, um pouco
enegrecida pela água e sem a cabeça. Outro arremesso. Veio a cabeça da imagem. Assim,
prosseguiu mais um arremesso e veio a pesca abundante. Deus abençoava, naquele momento,
os três pescadores.
A imagem da Virgem da Conceição, feita de barro cozido,
enegrecida pelas águas e pelo tempo, medindo 36 cm, foi levada para o culto divino.
Em 1745 foi construída uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros. Nascia, assim, a
devoção a Virgem Aparecida, Mãe do Povo Brasileiro. Em 1888, foi substituída a primitiva
capela por uma Igreja. Em 1894, a Igreja e a devoção a Nossa Senhora foi enriquecida
pela presença dos Missionários Redentoristas que passaram a gerir o Santuário Nacional.
Desde
1953, a festa de Nossa Senhora Aparecida, tem como dia de celebração o dia 12 de outubro.
Desde 1930, Nossa Senhora Aparecida abençoa o povo brasileiro como sua Padroeira Nacional.
Em 4 de julho de 1980, o Sumo Pontífice João Paulo II, de venerável memória, consagrou
o novo Santuário Nacional. Em 13 de maio de 2007, o Sumo Pontífice reinante, Papa
Bento XVI, abriu a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho
nos fazendo o doce convite para “sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo
para que todos tenham vida e vida plenamente”. Na véspera deste memorável encontro,
no interior da majestosa Basílica, o Santo Padre rezara o terço com os ministros sagrados
e o povo de Deus, na mais cândida homenagem a Maria que abençoa o povo brasileiro.
Meus
queridos amigos,
O evangelho de hoje (cf. Jo 2,1-11), o das Bodas de Caná,
tem como ambiente uma família. Nossa Senhora deve ser lembrada como a padroeira das
famílias. Assim a nossa família, toda ela mariana, deve buscar em Maria a proteção
para as suas necessidades e a sua intercessora privilegiada junto de Deus, porque
o que se pede a Mãe o Filho atende. Maria intercede junto a Jesus. Da mesma maneira
ela haverá de interceder pelo povo brasileiro em suas múltiplas necessidades. Maria,
nossa Mãe, mãe da misericórdia, cuja ternura toca o nosso coração, recebe e atende
nossos pedidos, dos mais simples aos mais complexos e difíceis.
Maria deposita
toda a sua confiança em Jesus, no seu poder salvador, na sua misericórdia e na largueza
de seu imenso coração misericordioso. Faltava o vinho e Maria intercede pedindo aos
funcionários que eles “fizessem tudo o que Ele dissesse”. Houve abundância do vinho
que era água. A riqueza desta graça que Maria distribui, também ela com abundância,
aos filhos que a ela recorrem. Dela podemos dizer o mesmo que a Carta aos Hebreus
aconselhava a respeito do Sumo Sacerdócio de Jesus: “Aproximemo-nos confiantemente
do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia” (cf. Hb 4, 16).
Irmãos,
A
segunda leitura(cf. Ap 12,1.5.13a.15-16a) que hoje lemos nos remete à liturgia da
Assunção. Maria que protege a humanidade e a Igreja – exerce a missão de Mãe e Mestra.
Maria gerou e levou o Salvador ao mundo, e presenciou a sua vitória, eis o que une
Maria e a Igreja, que tem a missão de levar o Salvador ao Mundo e presenciar a Vitória
de Cristo sobre o mundo, como Rei da Humanidade. Que fazem de Maria e da Igreja uníssonas
na obra da salvação.
Assim neste dia santo para nós católicos queremos reafirmar
a nossa sã doutrina que o aprovado culto Mariano está sempre em relação ao seu Filho
Jesus. A salvação do homem consiste na comunhão com o Deus trino, comunhão que lhe
é concedida através do encontro existencial com Jesus Cristo: quem o vê, vê também
o Pai(cf. Jo 14,9). Por isso, a salvação é sempre a salvação em Cristo: ela tem um
lugar quando alguém se insere nele, cabeça do corpo, videira para os sacramentos.
A salvação consiste neste “estar em”. Nossa Senhora Aparecida constituiu importante
ponto de referência neste empreendimento. Esta Maria unida a Jesus de maneira única
não só no plano biológico, mas também – e sobretudo – no plano espiritual, religioso
e existencial.
Aquele que em seu espírito, em sua espiritualidade e conduta
prática se aproxima o mais possível de Maria, também se encontra numa estreita relação
com Cristo e se coloca realmente na sua caminhada, que conduz ao Deus uno e trino,
nossa vida. Maria não é a meta da existência cristã, mas o seu perfeito modelo e,
neste sentido é insubstituível.
Como bem asseverou o Servo de Deus João Paulo
II: “Ajudem, pois, os fiéis a viverem sua devoção mariana como um claro e corajoso
testemunho de amor a Cristo, que manifeste a identidade pessoal e comunitária dos
católicos, contra o perigo do secularismo e do consumismo, e ao mesmo tempo favoreça
nas famílias a prática das virtudes cristãs. De igual modo, esta devoção ajudará a
consolidar os vínculos de comunhão com os Pastores da Igreja de Cristo, enfrentando
a desagregação da fé, fomentada tantas vezes pelo proselitismo das seitas. A história
ensina que Maria é a verdadeira salvaguarda da fé; em cada crise, a Igreja reúne-se
à volta d'Ela. Só assim os discípulos do Senhor poderão ser para os outros sal da
terra a luz do mundo (cf. Mt 5, 13.14). “Feliz do povo, cujo Senhor é Deus, cuja Rainha
é a Mãe de Deus!” Assim proclamava o Papa Pio XII e assim poderá exclamar essa dileta
arquidiocese de Aparecida, se devidamente souber voltar os olhos para Aquela que gerou,
por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. É que a missão essencial da Igreja
consiste precisamente em fazer nascer Cristo no coração dos fiéis (cf. Lumen gentium,
65) pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização.
Salvos das
águas pela fé e pelo Batismo, os cristãos podem atingir algo daquilo que contemplam
na Virgem Aparecida, a Imaculada, se seguirem o seu conselho: “Fazei tudo o que Ele
vos disser!”. Esta parte fica como a nossa missão na festa da Virgem Maria Aparecida.
Amém!
Padre Wagner Augusto Portugal Vigário Judicial da Diocese da Campanha
(MG)