PAPA: A FÉ É A FORÇA DA IGREJA QUE NÃO VACILA, APESAR DAS AMEAÇAS DAS FALSAS DIVINDADES
Cidade do Vaticano, 11 out (RV) - A fé da Igreja é o fundamento que não vacila,
apesar das ameaças de destruição: foi o que afirmou Bento XVI na manhã desta segunda-feira
durante a primeira congregação geral do Sínodo para o Oriente Médio, aberto solenemente
neste domingo, na Basílica de São Pedro. O Papa deteve-se sobre a maternidade divina
de Maria e chamou a atenção para aquelas falsas divindades como terrorismo, capitalismo
e droga, que escravizam o homem.
Como João XXIII no início do Concílio Vaticano
II – no dia 11 de outubro de 32 anos atrás – Bento XVI confiou hoje o Sínodo para
o Oriente Médio à Virgem Maria, Mãe de Deus, "Teotókos". Um "título audaz" – disse
o Pontífice – que evidencia a "aventura de Deus, a grandeza daquilo que fez para nós".
Graças
à Encarnação, disse o Santo Padre, Deus "atraiu-nos servindo-se de Si mesmo" e nos
fez "partícipe em sua relação interior". O Papa ressaltou assim a ligação intrínseca
entre a maternidade divina de Maria e a maternidade da Igreja:
"Onde nasce
Cristo, inicia o movimento da recapitulação, inicia o momento do chamado, da construção
de seu Corpo, da santa Igreja. A Mãe de Theos, a Mãe de Deus, é Mãe da Igreja,
porque Mãe d'Aquele que veio para reunir-nos todos em seu Corpo ressuscitado."
Considerando
esse nexo entre Theotókos e Mater Ecclesiae, Bento XVI evocou o Apocalipse. E assim
ressaltou que Cristo deve sempre nascer para o mundo, com a queda dos deuses, das
"grandes potências da história de hoje":
"Pensemos nos capitais anônimos que
escravizam o homem, que não são mais coisa do homem, mas são um poder anônimo ao qual
os homens servem, do qual os homens são atormentados e até mesmo trucidados. São um
poder destrutivo, que ameaça o mundo. Além disso, o poder das ideologias terroristas.
Aparentemente em nome de Deus se faz violência, mas não é Deus: são falsas divindades
que devem ser desmascaradas, que não são Deus."
Em seguida, o Papa denunciou
a droga, a "besta voraz" que destrói e lança as suas mãos em todas as partes da terra:
"É
uma divindade, mas uma divindade falsa que deve cair. Ou também o modo de viver propagado
pela opinião pública: hoje se faz assim, o matrimônio não conta mais, a castidade
não é mais uma virtude e assim por diante. Essas ideologias que dominam, de modo que
se impõem com força, são divindades. E na dor dos Santos, na dor dos fiéis, da Mãe
da Igreja da qual nós somos parte, essas divindades devem cair."
Bento XVI
reiterou que, justamente como "no tempo da Igreja nascente", também hoje é preciso
o "sangue dos mártires" para transformar o mundo. O Pontífice referiu-se ao capítulo
12 do Apocalipse, onde o dragão "vomitou água como um rio" contra a Mãe. Parecia –
disse – que a mulher fosse afogar-se nesse rio. Mas a boa terra "absorve esse rio
e ele não pode fazer mal".
"Penso que o rio seja facilmente interpretável:
são essas correntes que dominam todos e que querem fazer com que a fé da Igreja desapareça,
a qual parece não ter mais lugar diante da força dessas correntes que se impõem como
a única racionalidade, como o único modo de viver. E a terra que absorve essas correntes
é a fé dos simples, que não se deixa arrastar por esses rios e salva a Mãe e salva
o Filho."
Essa "verdadeira sabedoria da fé simples", que não se deixa devorar
pelas águas, acrescentou, evocam o Salmista, "é a força da Igreja". Muito embora,
por vezes, pareça que os fundamentos da terra vacilem.
"Vemos hoje com os problemas
climáticos como os fundamentos da terra são ameaçados, mas são ameaçados pelo nosso
comportamento. Os fundamentos exteriores vacilam porque vacilam os fundamentos interiores,
os fundamentos morais e religiosos, a fé da qual segue o reto modo de viver. E sabemos
que a fé é o fundamento e, definitivamente, os fundamentos da terra não podem vacilar
se a fé – a verdadeira sabedoria – permanece firme." (RL)