Diálogo inter-religioso no centro do debate do Sínodo para o Médio Oriente: relações
com judeus e muçulmanos ,fulcrais para o futuro do Cristianismo na região
(11/10/2010) As relações com judeus e muçulmanos serão um dos temas centrais do Sínodo
dos Bispos para o Médio Oriente O encontro pretende acentuar a importância deste
diálogo para o bem da sociedade e para que a religião, sobretudo dos crentes que professam
um único Deus, se torne cada vez mais “motivo de paz”. A assembleia vai ser dedicada
ao tema " A Igreja Católica no Médio Oriente: comunhão e testemunho. «A multidão dos
que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma»", partindo de uma passagem
do livro bíblico dos Actos dos Apóstolos. No documento de trabalho, entregue por
Bento XVI em Junho deste ano, e que estará na base das intervenções e dos debates,
pode ler-se que “a chave para uma convivência harmoniosa entre cristãos e muçulmanos
é reconhecer a liberdade religiosa e os direitos humanos”. As relações entre cristãos
e muçulmanos, indica o documento, são por vezes difíceis, sobretudo pelo facto de
os muçulmanos não fazerem distinção entre religião e politica, o que coloca os cristãos
na situação de não - cidadãos, mesmo em territórios onde se encontravam muito antes
da chegada do Islão. O diálogo com os judeus, por outro lado, é qualificado como
“essencial”, embora não seja fácil, ressentindo-se do conflito israelo-palestiniano.
Deseja – se que os dois povos vivam em paz numa pátria que seja deles, no interior
de fronteiras seguras e internacionalmente reconhecidas. O texto reafirma a condenação
do anti-semitismo, sublinhando que as atitudes negativas entre árabes e judeus parecem
ser sobretudo de carácter político, e portanto estranhas a qualquer discurso eclesial. O
secretário-geral do Sínodo dos Bispos, o arcebispo Nikola Eterovic, sublinha que
a situação actual na região é em muitos aspectos pouco diferente daquela vivida pela
primitiva comunidade cristã na Terra Santa, “ no meio de dificuldades e perseguições”. Os
cristãos são chamados a não se isolarem em atitudes defensivas, sendo também exortados
a promover a “pedagogia da paz”, para fazer face a questões como a “pobreza, a educação
e a luta contra a violência e o terrorismo”.