NOBEL DA PAZ A LIU XIABO: UM DOM PARA A CHINA E PARA O OCIDENTE
Roma, 08 out (RV) - A comunidade dos ativistas democráticos e dos dissidentes
exulta com a atribuição do Nobel da Paz-2010 ao escritor chinês Liu Xiaobo. Enquanto
isso, de Pequim chega um forte protesto: "É uma obscenidade!" Esse foi o duro comentário
de Pequim sobre o reconhecimento outorgado a Liu Xiaobo, o escritor condenado a 11
anos de reclusão, acusado de "subversão contra os poderes do Estado".
Da comunidade
internacional, todavia, as manifestações são muito positivas: o presidente da Comissão
Europeia, o português Durão Barroso, considera o reconhecimento como "uma forte mensagem
de apoio a todos aqueles que, em todo o mundo, frequentemente com grandes sacrifícios
pessoais, lutam pela liberdade e pelos direitos humanos".
De Berlim, chega
o pedido para que Liu seja colocado imediatamente em liberdade.
Explicando
as motivações para a atribuição do Nobel da Paz-2010 a Liu Xiaobo, o presidente do
Comitê do Nobel, Thorbjoern Jagland, disse que Liu foi escolhido "por sua longa e
não violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China". O Comitê afirma que,
"de há muito, cristalizou-se o estreito laço existente entre os direitos humanos e
a paz".
Nascido em 1955, na cidade industrial de Changchun, nordeste da China,
Liu foi educado à religião cristã. Era um jovem e brilhante professor universitário
di Literatura, quando eclodiu o movimento estudantil de 1989 e estava entre os intelectuais
que deram seu apoio aos jovens, em suas tentativas – falidas – de dialogar com as
autoridades. Depois de ter sido proibido de ensinar, Liu, continuou a criticar o sistema
político chinês, por meio de ensaios e artigos publicados no exterior e difundidos
clandestinamente na China.
A propósito de difusão de notícias, a China interrompeu
a transmissão ao vivo, da rede televisiva BBC, de Londres, exatamente no momento do
anúncio do vencedor do Nobel da Paz-2010.
Liu Xiaobo é casado com Liu Xia,
ela também professora. Ouvida pela agência de notícias France Presse, ela se disse
"felicíssima" pela atribuição do prêmio ao marido e pediu que se solicitasse "com
insistência" ao Governo de Pequim, sua libertação. Ela disse ainda, que a polícia
esteve em sua casa, informando-a de que ela será acompanhada à província de Liaoning,
onde o marido se encontra preso, para dar-lhe a notícia do prêmio.
O reconhecimento
será entregue em Oslo, no dia 10 de dezembro próximo. Não se sabe ainda se será o
próprio Liu Xiaobo a retirá-lo ou se – como se teme – não lhe será permitido viajar
à Noruega para a cerimônia de entrega. (AF)
Surpreende – de qualquer forma
– a coragem do Comitê do Nobel, de atribuir o prêmio a Liu Xiaobo, num momento em
que toda a comunidade internacional reverencia a China como "nova superpotência",
"maior mercado do mundo" e por aí afora. (AF)