2010-10-08 18:06:53

NOBEL DA PAZ A LIU XIABO: UM DOM PARA A CHINA E PARA O OCIDENTE


Roma, 08 out (RV) - A comunidade dos ativistas democráticos e dos dissidentes exulta com a atribuição do Nobel da Paz-2010 ao escritor chinês Liu Xiaobo. Enquanto isso, de Pequim chega um forte protesto: "É uma obscenidade!" Esse foi o duro comentário de Pequim sobre o reconhecimento outorgado a Liu Xiaobo, o escritor condenado a 11 anos de reclusão, acusado de "subversão contra os poderes do Estado".

Da comunidade internacional, todavia, as manifestações são muito positivas: o presidente da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, considera o reconhecimento como "uma forte mensagem de apoio a todos aqueles que, em todo o mundo, frequentemente com grandes sacrifícios pessoais, lutam pela liberdade e pelos direitos humanos".

De Berlim, chega o pedido para que Liu seja colocado imediatamente em liberdade.

Explicando as motivações para a atribuição do Nobel da Paz-2010 a Liu Xiaobo, o presidente do Comitê do Nobel, Thorbjoern Jagland, disse que Liu foi escolhido "por sua longa e não violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China". O Comitê afirma que, "de há muito, cristalizou-se o estreito laço existente entre os direitos humanos e a paz".

Nascido em 1955, na cidade industrial de Changchun, nordeste da China, Liu foi educado à religião cristã. Era um jovem e brilhante professor universitário di Literatura, quando eclodiu o movimento estudantil de 1989 e estava entre os intelectuais que deram seu apoio aos jovens, em suas tentativas – falidas – de dialogar com as autoridades. Depois de ter sido proibido de ensinar, Liu, continuou a criticar o sistema político chinês, por meio de ensaios e artigos publicados no exterior e difundidos clandestinamente na China.

A propósito de difusão de notícias, a China interrompeu a transmissão ao vivo, da rede televisiva BBC, de Londres, exatamente no momento do anúncio do vencedor do Nobel da Paz-2010.

Liu Xiaobo é casado com Liu Xia, ela também professora. Ouvida pela agência de notícias France Presse, ela se disse "felicíssima" pela atribuição do prêmio ao marido e pediu que se solicitasse "com insistência" ao Governo de Pequim, sua libertação. Ela disse ainda, que a polícia esteve em sua casa, informando-a de que ela será acompanhada à província de Liaoning, onde o marido se encontra preso, para dar-lhe a notícia do prêmio.

O reconhecimento será entregue em Oslo, no dia 10 de dezembro próximo. Não se sabe ainda se será o próprio Liu Xiaobo a retirá-lo ou se – como se teme – não lhe será permitido viajar à Noruega para a cerimônia de entrega. (AF)

Surpreende – de qualquer forma – a coragem do Comitê do Nobel, de atribuir o prêmio a Liu Xiaobo, num momento em que toda a comunidade internacional reverencia a China como "nova superpotência", "maior mercado do mundo" e por aí afora. (AF)







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