APELO PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA OS CRISTÃOS NA ÍNDIA
Roma, 07 out (RV) - Informar e inspirar a comunidade internacional, exortando
o público a tomar uma posição contra todas as formas de discriminação às quais são
submetidos os cristãos na Índia. Esse o objetivo de um encontro realizado terça-feira
última, em Roma, durante o qual foi apresentado o documentário “Os cristãos da Índia”,
produzido por Elizabeth Valgiusti: um grito de denúncia ao qual fez eco o apelo do
Arcebispo de Mumbai, Cardeal Oswald Gracias, que também é Presidente da Conferência
Episcopal da Índia. No seu discurso ele quis salientar a urgência de pôr fim à violência,
promovendo uma cultura de solidariedade e de comunhão.
Dão de comer aos pobres,
ensinam as crianças a ler e escrever, cuidam dos doentes; mas não só isso, os cristãos
na Índia, estão também entre as forças mais decisivas no desenvolvimento econômico
e são ponte religiosa e política necessária para as relações internacionais. Todavia,
como resulta do documentário, “Os cristãos da Índia” continuam a ser alvo de fundamentalistas
hindus, objeto de perseguições sistemáticas e, por isso, obrigados a fugir, como ocorreu
em Orissa.
Segundo o Cardeal Gracias “o governo não fez nada para ajudar as
pessoas que foram vítimas da violência e que tiveram de fugir para as florestas para
se salvar”. A violência foi realmente contra os católicos, contra os cristãos. Eles
queriam colocar todos os cristãos para fora da área e tentaram convencer e até mesmo
forçar alguns cristãos a se converterem ao hinduísmo. Então – continua o purpurado
- começou a destruição da propriedade cristã, a violência contra os sacerdotes, religiosas,
contra os fiéis católicos e também protestantes. A violência era dirigida precisamente
contra os cristãos, contra o crucifixo contra a imagem dos cristãos; quando as pessoas
se apresentavam como cristãos, em seguida, eram atacadas.
Num total de um bilhão
e 140 milhões de indianos, os cristãos são apenas 2,3% da população, portanto uma
minoria, mas uma minoria que conta e que, para uma parte da política é uma ameaça.
“Mesmo que tenhamos problemas a Igreja é forte – disse o Cardeal Gracias -, a Igreja
trabalha para as pessoas. Até mesmo o governo nos respeita, e muitas vezes pede a
nossa opinião sobre assuntos econômicos, políticos, religiosos, sociais. “Eu diria
- afirmou o purpurado - que o Evangelho teve uma influência sobre a mentalidade do
povo indiano. O trabalho de serviço, a atitude de fraternidade, são uma contribuição
do Evangelho numa missão que teve início há muitos anos”.
“Os ataques contra
pessoas e estruturas - disse o cardeal – visam acabar com a missão dos cristãos, acusados,
entre outras coisas, de forçar as conversões. Pessoas do meio rural, muitas vezes
usadas como escravos para o trabalho agrícola e os dalits, conhecidos como os “sem
casta”, vêem no cristianismo uma estrada para melhorar a sua situação, para fazer
valer os seus direitos e dignidade como pessoa. Os bispos indianos continuam a pedir
proteção e justiça para os cristãos, não por interesse de grupo, mas sim que o país
se salve de uma involução intolerante, e que o sacrifício dos “novos mártires” - concluiu
o arcebispo de Mumbai – assassinados por causa da fé, não seja esquecido”. (SP)