Transparência na comunicação da Igreja: casos relacionados com o dinheiro e com o
sexo são os mais sensíveis na opinião pública, diz director da Sala de Imprensa da
Santa Sé
(6/10/2010) Credibilidade e transparência são características essenciais na comunicação
da Igreja Católica. Quando em causa estão pessoas ou instituições, dessas duas características
depende a eficácia da mensagem, referiu o Pe. Federico Lombardi no Congresso sobre
a Imprensa Católica, que decorre em Roma. Intervindo num debate sobre o tema “Comunhão
eclesial e controvérsias: liberdade de expressão e Verdade da Igreja”, o director
da Sala de Imprensa da Santa Sé sublinhou a necessidade de comunicar com transparência,
referindo nomeadamente dois temas: os abusos sexuais e questões económicas e administrativas. “A
credibilidade da instituição depende da sua transparência. Aqui está um desafio profundo
para ultrapassar os casos de abuso sexual, por parte do clero e não só do clero, na
Igreja”, afirmou o Pe. Lombardi na sua intervenção. Com os casos conhecidos, a
Igreja já sofreu uma perda de confiança, “em parte justificada, em parte causada pela
apresentação negativa e parcial do problema”. Para o Pe. Federico Lombardi, os casos
devem ser uma ocasião de purificação profunda e de renovamento no modo como esta praga
é superada. Para o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, o problema dos abusos
sexuais por parte de membros do clero deve ser superado pela “verdade, pela transparência,
pela lealdade em ver e enfrentar os problemas morais e os das instituições”. Verdade
e transparência são necessárias também para os casos em que se prestem informações
sobre temas económicos ou administrativos. “Creio que os casos aos quais a opinião
pública é mais sensível são os relacionados com o sexo e com o dinheiro”, afirmou
o Pe. Lombardi. “Uma Igreja credível diante do mundo é uma Igreja pobre e honesta
no uso dos bens, capaz de prestar contas desse uso, inserida de modo leal e legal
na rede de relatórios económicos e financeiros, sem esconder nada”, afirmou. Afirmando
a sua certeza acerca da “recta intenção” dos responsáveis das instituições financeiras
do Vaticano, o director da Sala de Imprensa sublinhou que “há um caminho a fazer”
antes da instituição “ser completamente capaz de convencer a opinião pública da honestidade
na finalidade e nas operações que são executadas”. A intervenção do director da
Sala de Imprensa da Santa Sé adiantou procedimentos a ter em conta para que, na Igreja
Católica, a comunicação seja eficaz num contexto mediático caracterizado pela velocidade,
a globalização e a multiplicidade de vozes que produzem informação. A rapidez com
que se multiplicam notícias, positivas ou negativas, numa parte do globo e invadem
a opinião pública global, obrigam a uma monotorização contínua da rede. Para o Pe.
Lombardi é importante saber o que é publicado e manter “o diálogo constante com todos
os sujeitos de onde podem vir as respostas”, testando também as ferramentas da sua
divulgação de forma rápida. Por outro lado, a gestão da comunicação obriga a que
se estabeleçam prioridades, uma hierarquia concreta de temas a propor aos meios de
comunicação social. O Congresso sobre a Imprensa Católica decorre em Roma entre
os dias 4 e 7 de Outubro, por iniciativa do Pontifício Conselho para as Comunicações
Sociais.