Genebra, 06 out (RV) - O compromisso constante em favor dos refugiados, a preocupação
pelas rejeições em países que não respeitam os direitos humanos e a prática da detenção
dos que pedem asilo: esses foram os temas que estiveram no centro do pronunciamento,
nesta terça-feira, do Observador Permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra,
na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, na 61ª sessão do Comitê executivo do Acnur, o
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Reduzir o número daqueles
que pedem a proteção do Alto Comissariado da ONU para Refugiados: um objetivo árduo,
mas não impossível, que se pode alcançar somente através do reconhecimento, da defesa
e da promoção dos direitos humanos em campo político, social e econômico.
Assim
falou o representante vaticano diante do Comitê executivo do Acnur, ao qual felicitou
pelo trabalho que realiza desde 1951, quando em Genebra foi assinada a Convenção relativa
ao status de refugiado e se ativou o organismo que em 2011 festejará seus 60 anos.
O
Arcebispo ressaltou que o que preocupa a Santa Sé é a tendência de alguns países desenvolvidos
a divulgar os procedimentos de determinação do status, especialmente naqueles lugares
em que se registram mais frequentemente violações dos direitos humanos, e em que os
que pedem asilo são separados das famílias e encarcerados e até mesmo as crianças
são detidas.
Há ainda muito caminho a percorrer: de fato, o último relatório
sobre as prioridades estratégicas globais evidenciou a presença de 1777 relatos de
rejeição em ao menos 60 países. "Isso nos coloca face a face com um déficit de consideráveis
proporções na atividade de proteção" – ponderou Dom Tomasi.
Além disso, observou,
o esforço do Acnur deve voltar-se para a questão do registro do surgimento das chamadas
"pessoas em risco", e dos portadores de deficiência.
Por fim, o prelado quis
recordar a situação dos refugiados: um número que cresceu de modo exponencial este
ano por causa do sismo no Haiti e das enchentes no Paquistão. É necessário encontrar
soluções rápidas e eficazes como os programas de repatriação voluntária. Esse é o
desafio que o Acnur deve preparar-se para enfrentar no futuro – frisou. (RL)