“Tornai as vossas vidas lugares de beleza” tema da Semana Nacional da Educação Cristã
2010, em Portugal
(2/10/2010) Aproxima-se a Semana Nacional da Educação Cristã, que decorre de 3 a
10 de Outubro próximo. É tempo de abertura das Escolas e de início das Catequeses
neste começo de um novo ano lectivo e pastoral. Está ainda viva em nós a recente
visita do Santo Padre Bento XVI ao nosso país e as palavras que então, em diversas
circunstâncias, nos disse. Por isso nos inspiramos nelas para esta mensagem que dirigimos
ao Povo de Deus. Escolhemos como tema o convite feito aos representantes da cultura:
convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele se revelou em Jesus Cristo
para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas
vidas lugares de beleza (Discurso de Bento XVI, no Centro Cultural de Belém). É,
também, este o convite que a todos dirigimos, para que mantenhamos desperta na nossa
vida pessoal, nas famílias, nas escolas, nas comunidades cristãs e nos movimentos
apostólicos a busca da verdade e a procura de Deus. Esta busca da verdade e procura
de Deus reclamam, de acordo com a mensagem do Santo Padre, uma audácia profética e
uma capacidade renovada no pensar e no agir dos crentes que se sabem peregrinos no
mundo e na história rumo à Beleza infinita (cf.Discurso de Bento XVI no encontro com
os Artistas, 21.11.2009) “A relação com Deus é constitutiva do ser humano: foi
criado e ordenado para Deus, procura a verdade na sua estrutura cognitiva, tende para
o bem na esfera volitiva, é atraído pela beleza na dimensão estética (…) De uma visão
sábia sobre a vida e sobre o mundo deriva o ordenamento justo da sociedade”, lembrou-nos
o santo Padre logo na primeira mensagem dirigida ao povo português (Discurso no Aeroporto
da Portela-Lisboa, 11.5.2010).
3. A beleza do testemunho missionário da Igreja A
Igreja deve estar em permanente diálogo com o mundo em que vive e que aí, na realidade
concreta de todos os dias, se faz palavra e se torna mensagem e presença de Jesus,
o Filho de Deus. Esta missão irrenunciável da Igreja é acolhida e realizada com
particular sentido de responsabilidade pelos pais, primeiros educadores da fé dos
seus filhos, pelos catequistas e agentes de pastoral que nas comunidades cristãs dão
voz e vida a esta mensagem evangelizadora, pelos professores cristãos e de forma muito
concreta pelos professores de Educação Moral e Religiosa Católica, chamados a ser
no quadro específico da sua acção pedagógica e do seu testemunho cristão servidores
de uma educação integral onde a dimensão da fé e os valores do Evangelho ganham sentido
e horizonte. Pertence à Escola Católica, no contexto do ensino em Portugal e no
enquadramento concreto do tempo em que vivemos, uma acrescida responsabilidade nesta
missão ao serviço de uma educação de qualidade e de excelência. No mundo da educação,
o valor da fé e da ética que lhe é indissociável constitui um imprescindível contributo
na formação das novas gerações e na construção de um mundo melhor, como tão oportunamente
nos lembrava o Santo Padre Bento XVI, no recente encontro com as Escolas Católicas
da Comunidade Britânica. O caminho de renovada evangelização, que todos desejamos
percorrer, e o rosto missionário da Igreja, que em cada um de nós queremos ver delineado,
pedem-nos e exigem-nos criatividade pedagógica, ousadia profética e decisão pastoral
para darmos às crianças, aos jovens e às famílias as respostas coerentes e consequentes
que os novos desafios do ensino e da educação quotidianamente colocam. Pertence-nos
como Igreja “oferecer a todos uma iniciação cristã exigente e atractiva, comunicadora
da integridade da fé e da espiritualidade radicada no Evangelho, formadora de agentes
livres no meio da vida pública” (Discurso de Bento XVI aos Bispos – Fátima, 13.5.2010). Oxalá
saibamos todos, pessoas e instituições, Igreja e Estado, ser dignos dos tempos novos
que o futuro já anuncia e que a mudança civilizacional, que vivemos, traz necessariamente
consigo! “Para isso é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento
da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo
da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas (…) A nossa fé tem fundamento,
mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós (Homilia do Santo Padre
no Terreiro do Paço – Lisboa, 11.5.2010).
4. No centenário da implantação da
República em Portugal Celebra Portugal nesta semana, a 5 de Outubro, o primeiro
centenário da implantação da República. É este um tempo histórico datado a exigir
um conhecimento lúcido e esclarecido das razões e das causas mobilizadoras que a esse
dia conduziram Portugal e dos passos que desde então foram dados, no sentido de percorrer
o caminho inicialmente sonhado. Recordamos, também, a este propósito, palavras
do Santo Padre: “A viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na
distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja, que as
duas concordatas formalizaram, em contextos culturais e perspectivas eclesiais bem
demarcadas por rápida mudança” (Discurso de Bento XVI no Aeroporto da Portela – Lisboa,
11.5.2010). Cem anos passados, são tempo aprendido, por entre conquistas alcançadas
e vicissitudes sofridas, para avançarmos, com firmeza de propósitos e respeito democrático,
felizmente conseguido, no caminho do futuro. Acreditamos que o serviço à educação
em que todos nos sentimos comprometidos e corresponsáveis encontra na educação cristã
um indeclinável valor e um imprescindível contributo em favor de uma educação integral
onde o valor da pessoa humana, o projecto das famílias e o bem comum da sociedade
sejam compromisso de todos. A educação cristã nos seus diversos níveis e diferentes
contextos pode e deve certamente ser, para lá de diferenças e ideologias que separam,
uma oportunidade de diálogo, respeito e recíprocas aprendizagens na sociedade contemporânea
e na cultura actual, abrindo espaço ao tempo novo que somos chamados a viver. Aprender
e ensinar, ser escola e servir a causa da educação implicam um caminho solidário,
a ser percorrido por alunos, encarregados de educação, funcionários e professores,
famílias e comunidades. Felicitamos todos quantos trabalham na escola e na comunidade,
no ensino e na catequese com alegria e generosidade, amalgamadas tantas vezes com
acrescidos sacrifícios e dificuldades. 5. Com Maria, modelo de crente e de educadora Já
em pleno mês do Rosário, pedimos a Nossa Senhora, Mãe e Educadora, que nos anime neste
serviço à educação e nos ilumine nesta busca do Bem, da Verdade e da Beleza, que o
seu Filho nos revelou. Lisboa, 23 de Setembro de 2010 Comissão Episcopal
da Educação Cristã
…………………. Em entrevista ao correspondente da Rádio
Vaticano em Portugal, Domingos Pinto o Bispo de Aveiro e vogal da comissão episcopal
que tutela este sector, D. António Francisco dos Santos sublinha as grandes linhas
que dominam a educação cristã em Portugal, com destaque para o ensino religioso nas
escolas, a escola católica e a catequese