O Arcebispo Dominique Mamberti: sem uma viragem ética na politica e na economia não
serão atingidos os Objectivos do Milénio
(1/10/2010) “O respeito da liberdade religiosa” é “a pedra fundamental do edifício
dos direitos do homem”: sublinhou em Nova Iorque D. Dominique Mamberti, secretário
do Vaticano para as Relações com os Estados, intervindo na sexagésima quinta sessão
da Assembleia Geral das Nações Unidas. O prelado advertiu que, “se falta a liberdade
religiosa, todos os direitos do homem correm o risco de passarem a ser (considerados)
uma concessão dos governos ou, quando muito, o resultado de um equilíbrio de forças
sociais, por sua natureza variável”. No horizonte da paz e dos direitos humanos
no mundo, o responsável do Vaticano pelo sector dos “Negócios Estrangeiros” reconheceu
os grandes progressos obtidos no campo do desarmamento – entre os quais a entrada
em vigor, a 1 de Agosto passado, do Tratado para a eliminação das bombas de fragmentação
– a não proliferação nuclear, mas (advertiu) não faltam motivos de preocupação”. Referindo
o contínuo aumento das despesas militares no mundo, Mons. Mamberti sublinhou que “permanece
o problema do exercício do legítimo direito dos Estados a um desenvolvimento pacífico
do nuclear, compatível com um eficaz controlo internacional da não proliferação”.
Sobre os futuros passos a dar, o prelado sublinhou a importância do “diálogo e da
cooperação internacional”. Detendo-se sobre a acção desenvolvida pelas forças
de paz, D. Dominique Mamberti pôs em destaque “o papel cada vez mais importante da
ONU e das organizações regionais na diplomacia preventiva”. Na maior parte dos conflitos
– fez notar, citando Israel, Palestina, Iraque, Myanmar, regiões do Cáucaso e Sudão
– “entra em jogo um importante elemento económico”. Daqui o “contributo essencial”
que para o diálogo poderia oferecer “um substancial melhoramento das condições de
vida” daquelas populações. Em relação à recente Cimeira sobre os Objectivos do
Milénio e aos compromissos novamente assumidos pelos Estados, Mons. Mamberti chamou
a atenção para dois “grandes imperativos”. Para além de manterem as suas promessas
de ajuda ao desenvolvimento, os países ricos devem “criar e fazer funcionar imediatamente
um sistema financeiro e comercial favorável aos países mais débeis”. Todos, ricos
e pobres, devem “assegurar uma viragem ética” que garanta “um bom governo e desenraíze
a corrupção”. Aquele diplomata do Vaticano concluiu detendo-se ainda nos desafios
éticos ligados ao ambiente e sobre a falta de “uma atenção decidida e eficaz” para
com os refugiados. “O interesse fundamental de todos os governos – concluiu – deve
ser a criação e a manutenção das condições necessárias para desenvolver plenamente
o bem integral” de cada pessoa.