2010-09-29 17:06:29

Cultura e Desenvolvimento em África: Igreja promove colóquio em Abidjan


Decorre de 27 de Setembro a 1 de Outubro na capital da Costa do Marfim, um colóquio sobre o tema “Cultura e Desenvolvimento em África”. A iniciativa é do Conselho Pontifício para a Cultura em colaboração com a Congregação para a Evangelização dos Povos e a CEREAO, Conferência Episcopal Regional da África Ocidental.
Nos rastos do recente sínodo dos bispos para a África e no ano em que ocorre o cinquentenário da independência dum número significativo de países africanos, assim como o centenário de nascimento de Alioune Diop, grande homem de cultura que lançou a Associação de Cultura Africana, hoje designada Comunidade Africana da Cultura - a Igreja quer ver até que ponto a África tirou proveito da independência, que formas de desenvolvimento marcaram a vida dos africanos neste meio século e que impacto a globalização tem tido sobre as culturas locais africanas.
Os organizadores do seminário tencionam, desta forma, dar vida a um Fórum que reúna representantes de organizações eclesiais, internacionais e não governamentais a fim de encontrar vias e meios para a promoção do desenvolvimento em África centrado na pessoa humana. O Fórum que terá lugar em Março de 2011, procurará articular as reflexões sobre “Cultura, identidade dos povos africanos e desenvolvimento em África e na diáspora negra”. Visa igualmente ser um ponto de reflexão permanente donde poderão vir propostas concretas para um empenho efectivo no campo da cultura e da educação, trampolim para o desenvolvimento da África.
Interpelado pelo P. Joseph Ballong do Programa Francês-Africa da Rádio Vaticano, Mons. Barthélémy Adoukounou, Secretário do Conselho Pontifício para a Cultura ilustrou, antes de partir para Abidjan, os temas principais a ser enfrentados no colóquio…

Os principais temas que serão debatidos vão no sentido de reflectir sobre a cultura africana e o desenvolvimento, quer dizer: mesmo tendo em conta os aspectos negativos da mentalidade que anulam, por assim dizer, as oportunidades de desenvolvimento, temos de procurar indicar as vias e os meios para vencer esses aspectos negativos e pôr em realce o que há de positivo na cultura africana, como por ex. o respeito pela natureza, dom do Deus criador. Esta será uma primeira grande conferência que será feita por D. Obina, um arcebispo nigeriano. A esta conferência seguirá um painel de duas intervenções: uma será feita pela teóloga biblista nigeriana Teresa Okure, que nos fará reflectir sobre a origem do mundo, do ser humano, na óptica das mitologias africanas portadoras, certamente, duma mensagem que devemos acolher.
Depois, haverá uma segunda conferência a cargo do Padre Benezet Bujo sobre os recursos culturais africanos contra as explorações totais e totalitárias da natureza porque, como dizia o Papa João Paulo II na encíclica Solicitudo Rei Socialis, há no mundo, por uma lado, um subdesenvolvimento e, por outro, um superdesenvolvimento. Isto porque em nenhum dos casos o ser humano está a ocupar o lugar que lhe é próprio. Além disso, explora-se a natureza, esgotando-a totalmente, uma exploração total e totalitária de que a África é vítima. Pois bem, o P. Benezet Bujo vai reflectir sobre os recursos culturais de que a África dispõe para contrastar este tipo de desenvolvimento.
O segundo grande tema de que nos vamos ocupar é o impacto da globalização sobre as culturas, a investigação científica e o desenvolvimento na África subsaariana. Estará a cargo do P. Joseph Ndi Okala, cuja reflexão será seguida igualmente por um painel de duas intervenções: a primeira pela irmã Agnés Adjarro sobre a globalização, a identidade cultural africana e a boa governação. A segunda intervenção será feita pelo P. Edouard Ade que vai reflectir sobre a sociedade civil, o controlo dos três poderes e a democracia em África.
Como se vê, passamos de reflexões de ordem antropológica, teológica e mitológica sobre o passado para a modernidade, e o terceiro grande tema será centrado sobre a razão autónoma e responsável na teologia africana. D. Mbarga, um bispo dos Camarões vai-nos propor a sua visão sobre este tema e será seguido de dois painelistas, o primeio é o P. Leonard Santedi, da República Democrática do Congo, que nos falará das teologias africanas da inculturação e da pastoral da racionalidade. O segundo será o P. Bed Okuidje, nigeriano que nos falará das teologias africanas de libertação e a pastoral da racionalidade. Como vê, com este terceiro tópico entramos numa reflexão aprofundada da relação entre a teologia africana, este conjunto de problemas e a cultura por forma a vermos sob qual perspectiva cada uma das teologias toma em consideração a cultura. E o dialogo será particularmente fecundo porque já no recente Sínodo dos bispos para a África fez-se questão de tomar em consideração a pastoral da racionalidade. Foi um grande momento e era importante que nós enquanto Conselho Pontifício da Cultura nos debruçássemos sobre a cultura africana.
O quarto tema será justamente a interrogação fundamental que nos reúne – isto é, “Que conceito de cultura para que desenvolvimento”. E isto pedimo-lo ao vice-presidente do SECAM, cardeal Théodore Adrien Sarr que será seguido, também el, de dois painelistas: o Professor Honorat Aguessi, actual Presidente do Panafricanismo. Ele reflectirá sobre “Negritude e Panafricanismo: que impacto sobre o futuro sócio-político e económico nos últimos 50 anos”. O segundo painelista será o P. Leon Diouf que falará sobre cultura e desenvolvimento: que estratégia para ajudar os decisores e assegurar o acompanhamento.
Eis os temas que enfrentamos. As reflexões desabrocharão no terceiro dia sobre como preparar o colóquio que irá dar origem ao Fórum da Igreja Católica e dos homens e mulheres de cultura para a “Cultura e o desenvolvimento em África”.







All the contents on this site are copyrighted ©.