Mar de Espanha, 24 set (RV) - Por que e para que escutar a Palavra de Deus,
de Seu Filho Jesus, semelhante a Maria? Eu diria: para recuperar, renovar a presença
e o exemplo de Maria de Nazaré. Para refletir e buscar o exemplo daquela que
foi feliz porque acreditou; daquela que foi a mais fiel e sincera seguidora de Jesus;
daquela que foi a cristã exemplar, Igreja viva e sinal da própria Igreja. Mãe
de Jesus, sim, misteriosamente virgem-mãe, Mãe de Deus, sim, gloriosa Senhora Nossa
e hoje, a celebramos com o título Nossa Senhora das Mercês. Carissimos irmãos
e irmãs, Maria foi a mulher que acreditou na Palavra de Deus, que a escutou e a pôs
em prática; a primeira a seguir o que Seu Filho ensinava e por isso foi proclamada
por Ele, chamando-a de mulher feliz, bem-aventurada(Lc. 11,27-28). Mulher bem-aventurada
porque guardou com mais cuidado a verdade em seu espírito que a carne em seu seio.
Verdade que é Cristo, Carne que é Cristo: verdade na mente e carne em seu ventre.
Por isso, santo Agostinho afirmou: “mais vale o que se leva na mente do que o que
se leva no ventre”. Por isso, hoje, cultuando a bem-aventurada Virgem Maria,
glorificamos a Deus, em primeiro lugar e renovamos o nosso compromisso de batizados
a viver, o nosso dia-a-dia, conforme a sua vontade, induzidos a considerar a grave
resposta do Divino Mestre: “Flizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e a observam,
a poêm em prática”(Lc 11,28). Caríssimos irmãos, se esta resposta é um vivo elogio
à Virgem Maria, como interpretaram alguns Padres e como o confirmou o Concílio Vaticano
II, soa também para nós como uma exortação a vivermos segundo os mandamentos de Deus
e é como um eco de outras advertências de Jesus; “Nem todo aquele que me diz: Senhor,
Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que prática a vontade de meu Pai
que está nos céus”(Mt. 7,11) e “vós sois meus amigos, se praticais o que Eu vos mando”(Jo
15,14). Contudo, irmãos e irmãs, não podemos parar em Maria. Ela leva a Jesus
e Jesus nos leva ao Pai. A Jesus por Maria. Por isso, ela mesma nos assinalou no Evangelho:
“Fazei tudo o que Ele vos disser”(Jo 2, 1-5). Assim, se praticarmos a Palavra
de Deus não apenas imitamos a Maria, Sua Mãe, mas teremos um verdadeiro e autêntico
parentesco com Jesus. “Aquele que fizer a vontade de meu Pai, que me enviou, este
é meu irmão, minha irmã e minha mãe”(Mc. 3,31-35; Lc. 8,19-21; Mt 12,46-50). Para
Cristo, Maria foi mais importante ter sido sua discípula do que ter sido sua mãe.
Por quê? Qual a razão? Em Maria, o mais importante não é algo somente admirável (ser
Mãe de Deus, ser virgem, ser a imaculada) mas ser algo que pode ser imitado: ter escutado
a Palavra de Deus e tê-la posto em prática. Essa atitude foi mais importante em Maria
porque é algo igualmente acessível a todos e pode ser imitado. Supliquemos a
Maria, a Senhora das Mercês; a Mãe de Jesus. Mãe de Deus e nossa, a fiel discípula
de seu próprio Filho, ajude-nos a “fazer o que Ele nos disse”. Ajude-nos a imitar
sua atitude como discípula para sermos autênticos e felizes discípulos Missionários:
“escutando a Palavra e a colocando em prática; que esta Palavra seja nossa companheira
na estrada e na vida e que a respondamos em dialogo e oração e saibamos fazer o que
Jesus disse e fez”. Ó Deus, a quem glorificamos, educai nossos olhos e fortalecei
a nossa vontade para que coloquemos o nosso coração na verdadeira bem-aventurança
tal como nos disse Jesus, Nosso Filho, sabendo “acolher e guardar a Sua Palavra”(Lc.
19,21). Dom Eurico dos Santos Veloso Mar de Espanha, 24 de setembro de 2010