Nos tempos de crise e de rebeliões a providencia de Deus faz surgir grandes santos
e profetas para a renovação da Igreja e da sociedade cristã. A esperança do Papa manifestada
na Vigília de Oração no Hyde Park de Londres pedindo que cada um assuma as suas responsabilidades.
(18/9/2010) Bento XVI chegou neste sábado á noite ao Hyde Park, de Londres, depois
de um percurso em papamóvel em que foi saudada por milhares de pessoas ao longo das
ruas, muitas com bandeiras do Vaticano, com cânticos e palmas. Cerca de 80 mil
pessoas, participaram numa vigília ao ar livre para preparar a beatificação do Cardeal
John Henry Newman, uma das figuras mais importantes da Igreja inglesa no século XIX. Não
admira que Bento XVI tenha centrado a sua intervenção sobre esta figura que – como
confidenciou – teve “um importante influxo” na sua vida e no seu pensamento. “O drama
da vida de Newman – observou o Papa – convida-nos a examinar a nossa própria vida,
vendo-a no contexto do vasto horizonte do plano de Deus, e a crescer em comunhão com
a Igreja de cada tempo e lugar: a Igreja dos Apóstolos, a Igreja dos mártires, a Igreja
dos santos, a Igreja que Newman amou e a cuja missão consagrou toda a sua existência”.
Um exemplo de vida que mantém toda a actualidade:
“Nos nossos dias, quando
um relativismo intelectual e moral ameaça abalar os próprios alicerces da nossa sociedade,
Newman recorda-nos que, como homens e mulheres criados à imagem e semelhança de Deus,
fomos criados para conhecer a verdade, para encontrar nela a nossa definitiva liberdade
e a realização das mais profundas aspirações humanas”.
Recordando que, bem
perto do local da celebração, deram a vida pela fé, no século XVI, grande número de
irmãos católicos, observou Bento XVI:
“Na nossa época, o preço a pagar pela
fidelidade ao Evangelho não é tanto o de ser enforcado, afogado ou esquartejado, mas
implica, muitas vezes, o sermos considerados irrelevantes, ridicularizados ou objecto
de mofa. E contudo a Igreja não se pode eximir ao dever de proclamar Cristo e o seu
Evangelho como verdade salvadora, manancial da nossa felicidade última, como indivíduos,
e como fundamento de uma sociedade justa e humana”.
Bento XVI evocou com
grande apreço o “realismo cristão, concreto” de Newman, aquele “ponto concreto onde
se entrecruzam inevitavelmente a fé e a vida”:
“A fé está destinada a dar
fruto na transformação do nosso mundo mediante a potência do Espírito Santo que actua
na vida e na actividade dos crentes. Não há ninguém que encare com realismo o nosso
mundo de hoje que possa pensar que os cristãos podem continuar as fazer as coisas
de cada dia ignorando a profunda crise de fé que afecta a nossa sociedade, ou confiando
simplesmente que o património de valores transmitido ao longo dos séculos possa continuar
a inspirar e plasmar o futuro da nossa sociedade.
Quase a concluir a sua intervenção,
na vigília de oração, neste sábado à noite, no Hyde Park, Bento XVI exprimiu a sua
esperança na providência de Deus que, “nos tempos de crise e de rebeliões” faz “surgir
grandes santos e profetas para a renovação da Igreja e da sociedade cristã”. Cada
um assuma as suas responsabilidades:
“Cada um de nós, segundo o próprio estado
de vida, está chamado a actuar para a difusão do Reino de Deus, impregnando a vida
temporal com os valores do Evangelho. Cada um de nós tem uma missão, todos somos chamados
a transformar o mundo, a actuar a favor de uma cultura da vida, uma cultura forjada
pelo amor e pelo respeito pela dignidade de cada pessoa humana”.