2010-09-16 12:56:14

PAPA JÁ ESTÁ NO REINO UNIDO: "O CORAÇÃO FALA AO CORAÇÃO"


Edimburgo, 16 set (RV) - Bento XVI já se encontra no Reino Unido, onde chegou no final da manhã de hoje a Edimburgo – Escócia – primeira etapa da sua 17ª viagem apostólica internacional. A visita de quatro dias culminará no domingo, dia 19, com a beatificação do Cardeal John Henry Newman, em Birmingham – Inglaterra.

O Papa viaja a convite da Rainha Elizabeth e das Conferências Episcopais Católicas da Inglaterra-Gales e da Escócia. Hoje o Papa já visitou a Rainha, no Palácio de Holyroodhouse de Edimburgo e presidirá uma celebração eucarística no Parque Bellahouston de Glasgow transferindo-se depois para Londres. Bento XVI terá ainda encontros com representantes do mundo político, cultural e empresarial. Previstas uma celebração ecumênica na Abadia de Westminster , uma missa na Catedral de Westminster,uma Vigília de oração no Hyde Park de Londres, e no domingo a beatificação do Cardeal John Henry Newman, em Birmingham.

O avião do Papa decolou do aeroporto romano de Ciampino às 8h15 locais (3h15 de Brasília), e aterrisou em Edimburgo às 10h30 horário britânico (6h30 de Brasília). O Pontífice está acompanhado do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone; do Substituto da Secretaria de Estado, Dom Fernando Filoni, e de membros desse departamento.

A comitiva conta ainda com o Arcebispo Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos. Além disso, junto com o Papa viajam o mestre de cerimônias pontifícias, Mons. Guido Marini; o médico pessoal de Bento XVI, Patrizio Polisca; o Diretor da Sla de Imprens da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, o organizador das viagens papais, Dr. Alberto Gasbarri; membros da segurança do Vaticano e cerca de 50 jornalistas, fotógrafos e outros profissionais de imprensa.

Esta é a 17ª viagem internacional de Bento XVI, a 11ª a um país europeu. Trata-se da segunda vez que um papa viaja ao Reino Unido. João Paulo II visitou o país em 1982. O Reino Unido tem 4,2 milhões de católicos, numa população de 61 milhões de habitantes.
O tema da viagem é “o coração fala ao coração”.

A cerimônia de boas-vindas nesta manhã não se realizou no Aeroporto internacional de Edimburgo, mas sim no Palácio Real de Holyroodhouse, onde Bento XVI foi recebido pela Rainha Elizabeth e pelo príncipe consorte.

Depois das honras militares e da apresentação de autoridades e dignatários realizou-se um encontro privado entre o Papa e a Rainha na Morning Room, enquanto paralelamente em outra sala do Palácio, o Secretário de Estado, Cardeal Tarcísio Bertone se encontrou com o Vice-primeiro-ministro. Na conclusão do encontro o Papa foi acompanhado aos jardins atrás do Palácio Real, onde se encontravam cerca de 400 hóspedes ilustres, entre os quais representantes políticos, da sociedade civil, das Igrejas anglicana e católica da Inglaterra, além de alguns representantes do Parlamento escocês.

Após o discurso da Rainha Elizabeth, que deu as boas-vindas ao Santo Padre, Bento XVI fez o seu primeiro discurso em terras inglesas.

O Pontífice iniciou suas palavras agradecendo a Rainha pelo amável convite para visitar oficialmente o Reino Unido e pelas amáveis palavras de boas-vindas em nome do povo britânico. “Ao agradecer a Vossa Majestade, eu tenho a possibilidade de estender os meus cumprimentos a todas as pessoas do Reino Unido e estender com amizade a mão a cada um, disse o Papa.

Depois de saudar os membros da Família Real e expressar gratidão ao atual e aos precedentes governos, o Papa agradeceu todos aqueles que trabalharam para tornar possível essa ocasião.

Bento XVI disse ainda que ao começar sua visita ao Reino Unido pela capital histórica da Escócia, saudava, em particular o Primeiro-ministro Salmond e os representantes do Parlamento escocês. Em seguida o Pontífice fez referência ao nome de Holyrood, residência oficial da Rainha, na Escócia, que recorda a “Santa Cruz” e evoca as profundas raízes cristãs que ainda estão presentes em todas as áreas da vida britânica.

Os monarcas da Inglaterra e Escócia foram cristãos desde os primeiros tempos e existem extraordinários santos, como Eduardo, o Confessor e Margarida da Escócia, disse o Papa, acrescentando que muitos deles exerceram conscientemente suas funções de governo, à luz do Evangelho, modelando assim a nação no bem no nível mais profundo. Assim, - disse Bento XVI - resultou que a mensagem cristã tornou-se parte integral da língua, do pensamento e da cultura dos povos dessas ilhas por mais de mil anos. O respeito dos seus antepassados pela verdade e a justiça, pela misericórdia e a caridade - continuou o Pontífice - chegam até vocês de uma fé que continua a ser uma força poderosa para o bem de seu reino, com benefícios para cristãos e não cristãos.

O Santo Padre destacou em seguida os muitos exemplos dessa força para o bem na longa história da Grã-Bretanha. Mesmo em tempos relativamente recentes, através de figuras como William Wilberforce, David Livingstone, a Grã-Bretanha interveio diretamente para acabar com o tráfico internacional de escravos. Inspiradas pela fé, mulheres como Florence Nightingale serviram os pobres e os enfermos e os métodos estabelecidos naquela época na área da saúde foram depois copiados pelo mundo todo.

John Henry Newman, cuja beatificação celebrarei em breve – destacou ainda Bento XVI -, foi um dos muitos cristãos britânicos de sua época, cuja bondade, eloqüência e ação foram uma honra para os seus concidadãos. Todos eles, e outros mais, foram inspirados por uma fé profunda, nascida e crescida nessas ilhas. O Papa dirigiu então seu pensamento para a nossa época.

“Também na nossa época podemos recordar como a Grã-Bretanha e seus líderes se levantaram contra a tirania nazista, que queria eliminar Deus da sociedade e negava a muitos a nossa comum humanidade, especialmente os judeus, que não eram considerados dignos de viver. Desejo também recordar o comportamento do regime em relação aos pastores cristãos e religiosos que proclamaram a verdade no amor; resistiram aos nazistas e pagaram com a vida essa oposição. Enquanto refletimos sobre as advertências do extremismo ateu do século XX , não podemos esquecer como a exclusão de Deus, da religião e da virtude da vida pública, conduz, em última análise, a uma visão parcial do homem e da sociedade e, portanto, uma “visão restrita da pessoa e dos seu destino”(Caritas in Veritate, 29).

Sessenta e cinco anos atrás – recordou o Papa - a Grã-Bretanha teve um papel fundamental na formação do consenso internacional do pós-guerra, que favoreceu a fundação das Nações Unidas e marcou o início de um período de paz e prosperidade na Europa, até aquele momento desconhecido. Nos últimos anos, - continuou Bento XVI - a comunidade internacional acompanhou os eventos na Irlanda do Norte, que levaram à assinatura do Acordo da Sexta-Feira Santa e ao retorno de competências à Assembleia da Irlanda do Norte. Encorajo todos os envolvidos – disse Bento XVI - a continuar a caminhar corajosamente juntos no caminho traçado para uma paz justa e duradoura.

O Papa finalizou falando sobre o Reino Unido atual:

“Hoje o Reino Unido se esforça para ser uma sociedade moderna, multicultural. Nesta tarefa estimulante, possa manter sempre o respeito pelos valores tradicionais e por aquelas expressões culturais que formas mais agressivas de secularismo e não apreciam ou mesmo não toleram. Não deixe apagar o fundamento cristão que está na base das suas liberdades; e possa aquele patrimônio, - continuou o Papa falando á Rainha - que sempre serviu bem a nação, plasmar constantemente o exemplo do Vosso Governo e do Vosso povo face aos dois bilhões de membros do Commonwealth, como também da grande família de nações de língua inglesa em todo o mundo. Que Deus abençoe Vossa Majestade e todos os habitantes do Vosso reino. Obrigado.”

O Papa almoça na residência do Arcebispo de Saint Andrews em Edimburgo e no final da tarde celebra a Santa Missa no Bellahouston Park de Glasgow. Após a Santa Missa o Papa deixa a Escócia e se dirige para Londres onde amanhã de manhã encontrará o mundo católico da educação no St Mary’s University College de Twickenham e em seguida os líderes de outras religiões. (SP)








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