Cidade do Vaticano, 15 set (RV) - Em nosso espaço de Memória Histórica de hoje,
vamos fazer uma viagem ao Estado da Bahia, vamos ao Santuário do Bom Jesus da Lapa,
que hospeda a terceira maior peregrinação do Brasil.
A cidade de Bom Jesus
da Lapa recebe anualmente quase 1 milhão de romeiros provenientes de todo o nordeste
e demais regiões do Brasil e também do exterior.
O Morro do Bom Jesus é um
cenário de devoção há pelo menos 300 anos, quando o ourives português Francisco de
Mendonça Mar deixou Salvador e iniciou uma vida de peregrinação ao atravessar o sertão
da Bahia a pé até instalar-se numa das grutas de Bom Jesus da Lapa.
Em 1688,
Francisco foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, em Salvador,
mas, ao invés de receber o pagamento, Francisco foi levado à cadeia e cruelmente açoitado.
Tocado pela divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, ele aprendeu que a única
coisa que vale é a salvação. Distribuindo seus bens, fez-se pobre e, acompanhado de
uma imagem do Cristo crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro.
Uma tarde,
depois de vários meses de incessante caminhada, Francisco de Mendonça Mar avistou
um morro, subiu uma áspera ladeira e, por uma abertura na pedra, entrou numa gruta.
Lá dentro, encontrou uma cavidade ideal para colocar a cruz que levava. Ali,
à margem do rio São Francisco, começou uma vida de eremita.
Dedicado à oração
e à penitência, Francisco logo percebeu que o amor a Deus não podia ser isolado da
vida; então começou a trabalhar em favor dos mais necessitados, trazendo para junto
de si pobres, doentes e infelizes, a fim de servi-los com amor.
Em 1702, foi
a Salvador onde iniciou a preparação ao sacerdócio. Estudou durante três anos e, em
1705, foi ordenado sacerdote.
Tomando o nome de Francisco da Soledade após
a ordenação sacerdotal, voltou à Lapa onde viveu até sua morte, em 1722. Seu corpo
foi sepultado ao lado do altar.
A gruta, onde o monge Francisco colocou a cruz,
tornou-se o santuário do Bom Jesus da Lapa que é mais do que uma cavidade na pedra:
é um santuário construído pela mão da natureza e escolhido por Deus. Diante da imagem
de Jesus crucificado, ajoelham-se os romeiros de todas as idades.
Eles trazem
consigo o coração penitente, uma oração fervorosa de palavras simples que brotam espontaneamente.
Ao Bom Jesus o romeiro recomenda sua vida e a de seus familiares e amigos, entregando-se
à sua proteção. (MJ/Folha Uol/PIME)