POLÊMICA LEI ANTIRRACISMO PREOCUPA MÍDIA NA BOLÍVIA
La Paz, 15 set (RV) - A oposição conservadora, empresários e organizações de
jornalistas da Bolívia denunciaram, nesta terça-feira, como atentado à liberdade de
expressão, um projeto de lei que prevê o fechamento dos meios de comunicação que veiculem
reportagens de cunho racista.
Todavia, o Presidente Evo Morales, que conta
com a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, deu poucas esperanças de mudar
a chamada Lei de Luta Contra o Racismo e Toda Forma de Discriminação, defendida por
ele como parte de um processo de "descolonização" do país.
O projeto – já
aprovado na Câmara e em tramitação no Senado – diz em seu artigo mais polêmico, que
o veículo que vier a publicar ideias racistas e discriminatórias "será passível de
sanções econômicas e da suspensão de seu alvará de funcionamento".
A inclusão
dessa disposição rompeu o consenso que se havia criado durante o processo de redação
da Lei contra o Racismo – a primeira desse tipo, num país de maioria indígena no qual
as diferenças sociais e raciais ganharam força desde que Morales chegou ao poder,
em 2006.
O Senador Germán Antelo – de direita – disse aos jornalistas que
a oposição conservadora "brigará em defesa da liberdade democrática", para forçar
o oficialismo a mudar o projeto, considerado por ele como "alinhado" com o discurso
do presidente venezuelano, Hugo Chávez, aliado de Morales.
A Associação Nacional
da Imprensa controlada pelos proprietários de jornais, enviou uma carta, nesta terça-feira,
ao Senado, exigindo a abolição do artigo questionado, classificando-o como "flagrante
censura de imprensa e uma violação à Constituição e às convenções internacionais sobre
direitos humanos". (AF)