PAQUISTÃO: A AÇÃO DA IGREJA EM PROL DOS NECESSITADOS
Multan, 10 set (RV) - O Espírito “é o do Bom Samaritano, que não pediu a identidade
do homem que precisava de auxílio, e o ajudou sem hesitação. Hoje a nossa tarefa,
nesta terrível tragédia é mostrar o amor de Deus por cada ser humano, independentemente
da sua religião, da comunidade de pertença, ou nível social”: com essas palavras o
Bispo de Multan, no Punjab, Paquistão, Dom Andrew Francis, contou à agência Fides
o seu empenho pessoal em prol das vítimas da tragédia. Todos os dias, o bispo faz
viagens de centenas de quilômetros (a diocese é muito vasta) para levar ajuda humanitária
aos refugiados, guiando uma equipe da Caritas local: "Eu viajo com o hábito e a cruz
episcopal: sou em primeiro lugar um sacerdote católico e minha presença, por si só,
expressa a proximidade e solidariedade de toda a Igreja Católica para com as vítimas
das inundações. Nelas, vemos Jesus Cristo, como diz o Evangelho, nu, faminto, sedento,
e cabe a nós ajudá-las.
“Nossas ações de socorro e entrega de ajuda humanitária
- alimentos, água, tendas, medicamentos em particular - alcançam pelo menos 25 mil
pessoas em sete distritos. Estamos fazendo o que podemos, colocando em ação todos
os nossos recursos”, disse o prelado. Ao trabalho humanitário, acrescenta-se também
"uma intensa oração: muitas famílias estão nos pedindo para rezar por elas: confiamos
as suas vidas à Proteção Divina”, observa Dom Francis. Sobre os destinatários dos
recursos o bispo explica: “Nós vamos ao encontro de todos os necessitados, sem qualquer
hesitação: muitos são hindus, que na nossa diocese foram duramente atingidos pelas
cheias; há poucas famílias cristãs. Levamos também ajuda a muçulmanos fundamentalistas:
por exemplo, eu fui como bispo, com a cruz no pescoço, nas madrassas, as escolas corânicas
muito difundidas na Diocese de Multan. Como bispo, eu levei ajuda humanitária para
mulás conhecidos por suas idéias radicais. Fui bem recebido, eles apreciaram o gesto
e me agradeceram”.
O bispo também realizou um encontro inter-religioso na Catedral
de Multan "para invocar junto com os líderes cristãos, muçulmanos e hindus a misericórdia
de Deus. A tragédia une na solidariedade todas as comunidades religiosas”. Uma atenção
especial é dada “às crianças deficientes e às pessoas com síndrome de Down: as suas
famílias estão em grande dificuldade. As equipes da Caritas estão circulando pelos
vilarejos em busca dessas famílias, que são os casos mais desesperados". Neste trabalho
de ajudar às crianças, “uma contribuição muito especial vem das crianças da Infância
Missionária da diocese: recolheram porta a porta, ajudas destinadas às crianças e,
até agora, fomos capazes de beneficiar mais de 20 mil crianças entre as famílias dos
refugiados. O bispo conclui: “Estou feliz de ser um cristão no Paquistão, apesar das
dificuldades, e mesmo diante dessa tragédia. A missão da Igreja hoje é estar perto
de quem sofre e ser um sinal do amor e da misericórdia de Deus”. (SP)