2010-09-10 11:34:24

Nasce uma Agência Católica de Notícias para a África


Dar a conhecer a África pela voz dos próprios africanos; oferecer uma ampla gama de informação sobre a vida da Igreja em África e no mundo; comunicar através dos mais modernos meios de comunicação e informação: são estes os objectivos da CANAA, “Catholic News Agency for Africa” cuja iminente criação foi anunciada a semana passada no final duma conferência de peritos africanos de comunicação realizada em Nairobi de 31 de Agosto a 2 de Setembro. A iniciativa é do SCEAM, Simpósio das Conferências Episcopais da África e do Madagáscar, em colaboração com o Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais. Ouçamos a este respeito o representante deste Dicastério do Vaticano na reunião de Nairobi, Padre Javier Yameogo, interpelado pela jornalista Tiziana Campisi.
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“Devo dizer que no fim de três dias de trabalho com profissionais de medias católicos da África em Nairobi, a semana passada, foi decidido criar uma agência de imprensa católica continental que se chamará, em inglês, CANNA, ou seja “Catholic News Agency for Africa”. Porque é que fizemos isto? Era um sonho que acalentávamos desde há muito tempo, pois que se sentia a necessidade de dar vida a uma agencia de informação para fazer ouvir a voz autentica da África nos media, para fazer com que a África fale por si própria e para si própria. Então, para que esta agência possa nascer e viver criamos um grupo de trabalho de três pessoas com uma missão e um calendário precisos. Reunir-se com membros do CORAT-Africa (organismo que acompanhará todo o processo) para, no espaço dum mês, dar uma identidade jurídica a esta agência e, depois, apresentá-la aos nossos bispos para ser baptizada e reconhecida pela Igreja. Depois serão igualmente tomados em consideração todos os aspectos jurídicos e económicos para a recolha de fundos. O referido grupo de trabalho vai também contactar todos aqueles que partilham desta iniciativa e que nos querem realmente ajudar para confrontarmos as ideias e respondermos, deste modo, ao apelo do Santo Padre que, no final do Sínodo disse: “África. Levanta-te e caminha”. África levanta-te e proclama. E temos consciência de que se a África se levantar efectivamente, e sendo berço da humanidade, falará à humanidade toda e contribuirá para uma humanidade mais justa e mais centrada, de algum modo, na caridade.”

- Quais são os problemas que os profissionais da informação católica enfrentam em África?

“Antes de mais diria que é a extroversão da informação em África. Quando os africanos querem informações sobre eles próprios – é pena dizê-lo, mas é verdade – recorrem a agências e órgãos de comunicação ocidentais: CNN, BBC, AFP e assim por diante. Mesmo as agências missionárias de notícias estão fora da África. Refiro-me à MISNA, ZENIT, e mesmo à Rádio Vaticano, no que toca a informações sobre a África. Isto é sinal evidente dum problema a nível da informação sobre o continente africano. Estamos atentos ao que se passa noutras partes do mundo enquanto que os outros olham primeiro para a sua própria realidade e só depois para a dos outros. Há, portanto, uma questão de vontade, vontade de comunicar no seio da África a fim de tomarmos consciência, antes de mais, do que somos do ponto de vista identitário e, a partir dessa tomada de consciência, ver como entrar em relação com os outros, como ouvir os outros e como partilhar com eles os valores, as visões da vida próprios da África. Estamos a deixar-nos guiar por um modo de pensar externo à África, pois que não produzimos nós mesmos a nossa informação, indo buscá-la a fontes alheias. O maior problema, a meu ver, é, portanto, sabermos falar com a nossa própria voz dos nossos problemas, dizer quem somos, o que queremos. Quando conseguirmos fazer isso, poderemos partilhar com os outros, dar a nossa opinião… Acho que é este o grande desafio para a Igreja em África hoje, e para todo o continente em geral, no que toca à informação e à comunicação.”

- De que modo funcionará a CANAA?

“O grupo de trabalho vai elaborar o plano de encargos e, o que posso anunciar de momento, é que já há plena consciência de que é necessário criar essa agência de notícias por internet, on line, acessível a tudo e a todos, simplesmente com um apelo à generosidade dos que farão uso dela.
As notícias serão sobre a vida da Igreja em África, uma Igreja empenhada junto das nossas comunidades, dos nossos povos, mas também na sociedade em geral, a nível político, a nível de tudo o que se vive em África, como por exemplo, os problemas da SIDA, da saúde em geral, da educação, enfim, a vida da Igreja em África e no mundo contada pelos africanos para os próprio africanos antes de mais e, em seguida, para o resto do mundo. Tudo será, portanto, orientado para a África, mas com uma abertura para o mundo e essa abertura ao mundo inclui toda a diáspora africana. Diria, portanto, que o escopo é dar notícias para aprendermos a nos apreciar a nós próprios e a viver juntamente com os outros” .








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