Nasce uma Agência Católica de Notícias para a África
Dar a conhecer a África pela voz dos próprios africanos; oferecer uma ampla gama
de informação sobre a vida da Igreja em África e no mundo; comunicar através dos mais
modernos meios de comunicação e informação: são estes os objectivos da CANAA, “Catholic
News Agency for Africa” cuja iminente criação foi anunciada a semana passada no final
duma conferência de peritos africanos de comunicação realizada em Nairobi de 31 de
Agosto a 2 de Setembro. A iniciativa é do SCEAM, Simpósio das Conferências Episcopais
da África e do Madagáscar, em colaboração com o Conselho Pontifício para as Comunicações
Sociais. Ouçamos a este respeito o representante deste Dicastério do Vaticano na reunião
de Nairobi, Padre Javier Yameogo, interpelado pela jornalista Tiziana Campisi. “Devo dizer que
no fim de três dias de trabalho com profissionais de medias católicos da África em
Nairobi, a semana passada, foi decidido criar uma agência de imprensa católica continental
que se chamará, em inglês, CANNA, ou seja “Catholic News Agency for Africa”. Porque
é que fizemos isto? Era um sonho que acalentávamos desde há muito tempo, pois que
se sentia a necessidade de dar vida a uma agencia de informação para fazer ouvir a
voz autentica da África nos media, para fazer com que a África fale por si própria
e para si própria. Então, para que esta agência possa nascer e viver criamos um grupo
de trabalho de três pessoas com uma missão e um calendário precisos. Reunir-se com
membros do CORAT-Africa (organismo que acompanhará todo o processo) para, no espaço
dum mês, dar uma identidade jurídica a esta agência e, depois, apresentá-la aos nossos
bispos para ser baptizada e reconhecida pela Igreja. Depois serão igualmente tomados
em consideração todos os aspectos jurídicos e económicos para a recolha de fundos.
O referido grupo de trabalho vai também contactar todos aqueles que partilham desta
iniciativa e que nos querem realmente ajudar para confrontarmos as ideias e respondermos,
deste modo, ao apelo do Santo Padre que, no final do Sínodo disse: “África. Levanta-te
e caminha”. África levanta-te e proclama. E temos consciência de que se a África se
levantar efectivamente, e sendo berço da humanidade, falará à humanidade toda e contribuirá
para uma humanidade mais justa e mais centrada, de algum modo, na caridade.”
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Quais são os problemas que os profissionais da informação católica enfrentam em África?
“Antes de mais diria que é a extroversão da informação em África. Quando
os africanos querem informações sobre eles próprios – é pena dizê-lo, mas é verdade
– recorrem a agências e órgãos de comunicação ocidentais: CNN, BBC, AFP e assim por
diante. Mesmo as agências missionárias de notícias estão fora da África. Refiro-me
à MISNA, ZENIT, e mesmo à Rádio Vaticano, no que toca a informações sobre a África.
Isto é sinal evidente dum problema a nível da informação sobre o continente africano.
Estamos atentos ao que se passa noutras partes do mundo enquanto que os outros olham
primeiro para a sua própria realidade e só depois para a dos outros. Há, portanto,
uma questão de vontade, vontade de comunicar no seio da África a fim de tomarmos consciência,
antes de mais, do que somos do ponto de vista identitário e, a partir dessa tomada
de consciência, ver como entrar em relação com os outros, como ouvir os outros e como
partilhar com eles os valores, as visões da vida próprios da África. Estamos a deixar-nos
guiar por um modo de pensar externo à África, pois que não produzimos nós mesmos a
nossa informação, indo buscá-la a fontes alheias. O maior problema, a meu ver, é,
portanto, sabermos falar com a nossa própria voz dos nossos problemas, dizer quem
somos, o que queremos. Quando conseguirmos fazer isso, poderemos partilhar com os
outros, dar a nossa opinião… Acho que é este o grande desafio para a Igreja em África
hoje, e para todo o continente em geral, no que toca à informação e à comunicação.”
-
De que modo funcionará a CANAA?
“O grupo de trabalho vai elaborar o plano
de encargos e, o que posso anunciar de momento, é que já há plena consciência de
que é necessário criar essa agência de notícias por internet, on line, acessível a
tudo e a todos, simplesmente com um apelo à generosidade dos que farão uso dela. As
notícias serão sobre a vida da Igreja em África, uma Igreja empenhada junto das nossas
comunidades, dos nossos povos, mas também na sociedade em geral, a nível político,
a nível de tudo o que se vive em África, como por exemplo, os problemas da SIDA, da
saúde em geral, da educação, enfim, a vida da Igreja em África e no mundo contada
pelos africanos para os próprio africanos antes de mais e, em seguida, para o resto
do mundo. Tudo será, portanto, orientado para a África, mas com uma abertura para
o mundo e essa abertura ao mundo inclui toda a diáspora africana. Diria, portanto,
que o escopo é dar notícias para aprendermos a nos apreciar a nós próprios e a viver
juntamente com os outros” .